Charles R. Cross foi autor de “Mais Pesado Que o Céu”, a biografia do lead do Nirvana – sim, aquela que você conhece como a “melhor e mais influente banda de rock do milênio–, Kurt Cobain. Até este ano, é seguro dizer que não sabia muita coisa sobre o Nirvana e que, inclusive, ignorava (achava improvável, inclusive) o quanto Cobain fora importante para todo esse movimento político que existe nas entrelinhas do pop hoje. Até achei que “A Construção do Mito” fosse a biografia do cara por uns minutos (incrivelmente, muitas pessoas ao me verem lendo o livro perguntam a mesma coisa).
O livro trata da vida de Kurt Cobain, focando em sua imagem pública – por isso “a construção do mito”. Tem como objetivo mostrar como Kurt, apesar de odiar toda essa vadiagem, atingiu o status de voz da geração sem nem ao menos tentar e utilizou isso para levantar bandeiras políticas, trazendo aos olhos da mídia popular as minorias tanto da música quanto da sociedade.
Já li biografias de artistas que gosto, mas a MAIOR diferença entre ler estas e o livro de Cross foi o tamanho da proximidade que senti. É comum entre nós, leitores, a imersão no universo em que a leitura se passa, mas neste existiu um elo entre mim e Cross (que além de jornalista – foi um dos primeiros à ouvir o “Nevermind” –, foi um grande amigo e é admirador da carreira de Kurt Cobain) chamado “sentimento de fã”, além do fato de que ele vivenciou o movimento liderado pelo artista (Kurt destestava o nome grunge). Senti que sua análise torna-se válida por ele ser uma das poucas pessoas que teve a chance de conhecer Cobain como um amigo e não como um produto de relações para-sociais.
“A Construção do Mito” é a análise do legado que um homem deixou para a música pop contemporânea. Pode até não ser a biografia (o que tiraria o interesse de leitura de algumas pessoas), mas é uma leitura importante para compreender – ou ao menos tentar mensurar – o impacto do Nirvana e de Kurt na cultura jovem dos últimos vinte anos.
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