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13 músicas nacionais de protesto

 

Várias cidades brasileiras voltaram a realizar manifestações e protestos pelo fim da corrupção, do aumento nos preços do transporte, entre outras reivindicações, que ganharam apoio até de brasileiros que vivem no exterior.

 


A música Vem Pra Rua, da campanha da Fiat para a Copa das Confederações Fifa 2013 começou a ser usada em vídeos que mostram o acontecimento dos protestos e a ação da Polícia Militar de São Paulo. A campanha convoca a torcida brasileira para ir às ruas com seguinte refrão: “vem pra rua porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”. Tendo em vista os acontecimentos, músicas de protesto e letras possuindo senso crítico foram selecionadas.

 


Alegria, Alegria, de Cateano Veloso: foi lançada em 1967 e trabalhava com a ironia a partir acontecimentos cotidianos. A letra da canção critica o abuso do poder, da violência, das más condições dentro do contexto educacional e cultural, condição que era estabelecida pelos militares durante a Ditadura. Temos evidências disso no seguinte trecho: O sol se reparte em crimes/Espaçonaves, guerrilhas/Em cardinales bonitas/Eu vou.

 

 

É Proibido Proibir, de Caetano Veloso: foi lançada em 1968, esta canção era uma manifestação das grandes mudanças culturais que estavam ocorrendo no mundo na década de 1960. Encontramos isso no trecho: Me dê um beijo meu amor / Eles estão nos esperando / Os automóveis ardem em chamas / Derrubar as prateleiras / As estantes, as estátuas / As vidraças, louças / Livros, sim.

 

 

Cálice, de Chico Buarque: música de 1973, faz alusão à oração de Jesus Cristo dirigida a Deus no Jardim do Getsêmane: “Pai, afasta de mim este cálice”. A ideia de Chico Buarque era que para quem lutava pela democracia, o silêncio também era uma forma de morte. A partir disso, ele resolveu explorar o duplo sentido, a ambiguidade devido a semelhança, das palavras “cálice” e “cale-se” para criticar o regime instaurado. Vemos tal crítica camuflada no trecho: De muito gorda a porca já não anda (Cálice!) / De muito usada a faca já não corta / Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!) / Essa palavra presa na garganta.

 

 

Apesar de Você, de Chico Buarque: música lançada em 1970, durante o governo de Médici, general. Para driblar a censura, ele afirmou que a música contava a história de uma briga de casal, cuja mulher era muito autoritária. A desculpa funcionou e o disco foi gravado, mas os oficiais do exército não demoraram a perceber a real intenção da letra e a canção foi proibida de tocar nas rádios. Nos seguintes trechos vemos a crítica: Quando chegar o momento / Esse meu sofrimento / Vou cobrar com juros. Juro! / Todo esse amor reprimido / Esse grito contido / Esse samba no escuro.

 

 

Jorge Maravilha, de Chico Buarque: dessa vez sob o pseudônimo de Julinho de Adelaide, criado também com a intenção de driblar a censura, Chico criou os versos “você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, para o que parecia relatar uma relação conflituosa entre sogro, genro e filha. Mas sua verdadeira intenção era aludir à família do general Geisel. O militar odiava Chico Buarque, porém, a filha dele manifestava interesse pelo trabalho do compositor. Encontramos evidências disso nos trechos: E como já dizia Jorge Maravilha / Prenhe de razão / Mais vale uma filha na mão / Do que dois pais voando / Você não gosta de mim, mas sua filha gosta.

 

 

O Bêbado e o Equilibrista, composta por Aldir Blanc e João Bosco e gravada na voz de Elis Regina: música de 1979, representava o pedido da população pela anistia ampla, geral e irrestrita, movimento consolidado no final da década de 1970. A letra fala sobre o choro de Marias e Clarisses, em alusão às esposas do operário Manuel Fiel Filho e do jornalista Vladimir Herzog, morto durante o período. Notamos a mensagem oculta nos trechos: Que sonha com a volta / Do irmão do Henfil / Com tanta gente que partiu / Num rabo de foguete / Chora! A nossa Pátria Mãe gentil / Choram Marias e Clarisses / No solo do Brasil.

 

 

Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores, de Geraldo Vandré: lançada em 1968 por ele, que foi um dos primeiros artistas a ser perseguido e censurado pelo governo militar. A música se transformou em um hino para os cidadãos que lutavam pela abertura política e democracia. Através dela, Vandré chamava o público à revolta contra o regime. O vemos nos trechos: Há soldados armados / Amados ou não / Quase todos perdidos / De armas na mão / Nos quartéis lhes ensinam / Uma antiga lição: De morrer pela pátria / E viver sem razão.

 

 

É, de Gonzaguinha: grande parte do público sempre associou Gonzaguinha às músicas de protesto e de resistência à ditadura militar, mas que tinham também esperança de que a situação melhorasse, era disso que a maioria das músicas do artista falavam, hora entrelinhas, hora não. Vemos um exemplo com essa música e seus seguintes trechos: A gente quer viver a liberdade/ A gente quer viver felicidade/ A gente não tem cara de panaca/ A gente não tem jeito de babaca/ A gente não está/ Com a bunda exposta na janela/ Pra passar a mão nela.

 

 

Geração Coca-Cola, da Legião Urbana: lançada em 1985, na música é possível notar o tom de indignação contra a posição de soberania norte-americana sobre o Brasil e os demais países. Encontramos a crítica claramente nos trechos: Quando nascemos fomos programados/ A receber o que vocês/ Nos empurraram com os enlatados/ Dos U.S.A., de nove as seis/ Desde pequenos nós comemos lixo/ Comercial e industrial/ Mas agora chegou nossa vez/ Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.

 

 

Que País é Este, Legião Urbana: música de 1978, foi composta ainda na época do Aborto Elétrico. Sem ironias, a letra questiona a sociedade brasileira. O vemos sem entrelinhas nos trechos: Nas favelas, no senado/ Sujeira pra todo lado/ Ninguém respeita a constituição/ Mas todos acreditam no futuro da nação/ Que país é esse?

 

 

Mosca na Sopa, de Raul Seixas: música do ano de 1973, a canção já foi considerada bastante controversa. Em uma de suas propostas interpretações, há a suposição da metáfora de que o povo é a “mosca” e, a ditadura militar “a sopa”. Diante disso, o povo é apresentado como aquele que incomoda, que não pode ser eliminado, porque sempre existirão aqueles que se levantam contra regimes opressores. O vemos nos trechos: E não adianta / Vir me detetizar / Pois nem o DDT / Pode assim me exterminar / Porque você mata uma / E vem outra em meu lugar.

 

 

Acender as Velas, de Zé Keti: lançada em 1965, é considerada uma das maiores composições do artista, crítico sambista. A letra foi criada pelo relato dramático do cotidiano nas favelas e faz uma crítica social às péssimas condições de vida nos morros do Rio de Janeiro, na década de 1960. Encontramos as críticas nos trechos: Acender as velas / Já é profissão / Quando não tem samba / Tem desilusão / É mais um coração / Que deixa de bater / Um anjo vai pro céu.

 

 

Polícia, do Titãs: é uma canção que critica as ações policiais e a forma como a sociedade vê a polícia inserida nela. Foi escrita por Tony Bellotto após ter sido preso junto com Arnaldo Antunes por porte de heroína, e é cantada pelos integrantes do Titãs aos gritos, o que faz parecer um sentimento de raiva. O vemos nos trechos: Dizem que ela existe/ Pra ajudar!/ Dizem que ela existe/ Pra proteger!/ Eu sei que ela pode/ Te parar!/ Eu sei que ela pode/ Te prender!/ Polícia!/ Para quem precisa/ Polícia!/ Para quem precisa/ De polícia.

 

E, de acordo com o ritmos dos protestos e manifestações nacionais, e até apoiada por brasileiros que estão morando no exterior atualmente, músicas de letras críticas não serão algo mais tão antigo.

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