Sábado fui convidado a ver “um rock” na minha cidade. Sou do interior, a galera aqui só ouve Forró e fiquei com uma cara de surpresa GIGANTE ao saber que ia ter “rock” aqui. O evento era um festival de sub-gêneros do Heavy Metal, bandas independentes da cena (existe até uma CENA rolando por aqui e eu não sabia?!) musical do município coxinha onde nasci e moro, infelizmente, até hoje.
Sou suspeito pra falar, pois também fui ao local parecendo um Corvo grávido, mas pegue a música mais “estereótipa” da Avril Lavigne, feche os olhos e imagine. Deu certo? Você acaba de ter uma preview do que vi ontem, parsa. Os frequentantes pareciam opções de carro numa consercionária: Só tinha preto, branco e cinza. Todos com camisas de banda, tentando fazer aquele empurra-empurra de shows de Punk de outrora (é rodinha o nome daquilo, né? Ri alto!) e com a mãozinha pra cima num \m/ se achando “OS marginais”, como se hoje em dia isso fosse realmente um gesto muito polêmico de se fazer (na verdade, dado o local, até parecia uma seita). E só não vou comentar da música porque, realmente, não convém a esse texto (mentira, vou comentar sim: Instrumentos musicais totalmente fora de harmonia – não dava pra saber o que era vocal, baixo ou guitarra… Só entendi “Satã” em alguns momentos, o que me fez pensar: “O que tem de revolucionário em fazer uma música prol Satã?” Certeza que a galera nem satanista era, só porque ouviu um som de alguém aí e quis causar. Enfim).
Desde o início da semana, quando (por algum motivo infeliz) o Restart e algo que parecia ser o trecho de uma música deles (“as cores vieram para mostrar…” Minha memória – graças! – acaba por aí) me fez lembrar do quanto esse “novo rock” foi criticado não pelo som (que, a propósito, era uma merda) mas sim pelas ROUPAS. Era como se a desculpa para o Restart ser ruim fosse não as letras chulas e a música chata e ridícula, mas o fato de que eles pareciam ter saído de uma caixinha de Giz de Cera. “Talvez”, pensei, “seja por isso que o estereótipo do roqueiro seja equivalente a um saco de carvão”.
Fui mais a fundo e pensei que talvez fosse por isso que a galera só usasse preto e branco ontem à noite. Era um visual padrão, que não ia fazer com que as pessoas te olhassem estranho etc. Ia te fazer “um deles” – Espera um pouco. Rock não era sinônimo de ousadia? Quando foi que virou algo tão… Comum, regrado e previsível?
Quero dizer que o problema mesmo nunca foi a embalagem. As pessoas que criticaram o Restart pelas roupas sequer já pararam e deram uma olhada no encarte do “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band“, tido como o MELHOR álbum dos Beatles? John, Paul, Ringo e George estão parecendo fragmentos da bandeira LGBT ali, galera! E isso não faz do álbum menos foda. E ainda nem mencionei tantos outros artistas, como Jimi Hendrix e toda a galera que fez parte do Glam/Psicodélico, que tinham trajes (geralmente) bastante coloridos e brilhantes – além de músicas que dão de 10 a zero em pelo menos 90% da galera roqueira que só usa preto.
Não estou dizendo que não se deve usar preto, até porque amo roupas pretas e é o que mais tenho no guarda-roupa. Mas hey: Temos umas trocentas cores por aí, mano. Rock não se define por cor, batidas, roupas ou guitarras. Pra falar a verdade, o feminismo de Miley Cyrus pra mim (apesar do som dela ser predominantemente pop/r&b/hip-hop) tem mais a ver com o sentido verdadeiro do Rock que as bandas que presenciei Sábado. Talvez até falar do Rock como se tivesse um sentido certo o desmereça. A única coisa que sei é que Rock não tem padrões, pois faz parte do Rock (é praticamente um fator histórico) a desconstrução dos mesmos. Sendo assim, estou oficialmente mantendo distância das pessoas que o fazem parecer uma receita de bolo.
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Deixo para vocês o conselho da Miley Cyrus* de: Vista-se como quiser, ouça o que quiser… “A festa é nossa e podemos fazer o que quiser, não dá pra parar”. Troque “festa” por “vida” e tenha uma frase digna de ser repassada.
*prevejo muitas pessoas com raiva por estar citando ela aqui, mas estou estudando ela e talvez quebre até os padrões escrevendo sobre depois!