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Banda Confronto causando brutalidade em Santos

Ser convidado para cobrir um evento com nomes fortes da cena Hardcore/Metal do Brasil não é uma tarefa tão fácil, porém quando se faz o que gosta e envolve bandas que se admira há muito tempo, toda dificuldade se transforma em diversão.

Sexta-feira, 25 de abril, inverno meio tímido mas os casacos das mais variadas bandas já podem sair do guarda roupa. O local do evento não poderia ser melhor, Tribal Club.

O cast peso pesado dessa noite conta com as bandas Chance, Clearview, Sociedade Armada, Worst e Confronto. Desde a estreia da banda Chance até a experiência soberana do Sociedade Armada, passam pelo Hardcore Straighedge do Clearview, somando com o peso desestrutural do Worst fechando a noite com o Metalcore Brutal do Confronto, resumindo, quem compareceu pode presenciar o estrago (positivo rs) que todas as bandas causaram, não tiveram do que reclamar.

A árdua tarefa do Confronto era manter o bom nível da noite e óbvio que isso seria fatalmente concluído.

Rio de Janeiro, 1999, há 15 anos atrás nascia um dos maiores expoentes da cena Hardcore/Metal do Brasil, com letras politizadas e centradas unidas à um instrumental carregado de influencias porém com riffs singulares.

O Confronto estava formado a partir dali, nunca mudou sua formação, algo raro para uma banda teoricamente “independente” e sem apelo midiático, cantando sempre letras em português e convictos do que falam, são a prova viva de que se você levar o seu trabalho a sério você alcança seu sonho cedo ou tarde.

Em Santos estava praticamente sendo iniciada a intitulada Imortal Tour, a turnê de lançamento do recém lançado e muito elogiado pela crítica álbum “Imortal“.

Antes do show falei com o vocalista Felipe Chehuan e o baterista Felipe Ribeiro, vale ressaltar que ambos foram muitos solícitos ao aceitarem trocar uma ideia sobre a banda comigo, desde já agradeço pela atitude e consideração pelo site Rock de Verdade.

O início da conversa já foi bastante interessante pois lembrei que exatamente há 05 anos atrás eles estavam gravando o DVD “10 anos de guerra” (gravação feita em 25/04/2009), foi engraçado pois tinham esquecido, mas totalmente relevante pra uma banda com nada mais nada menos que 15 anos de carreira. Aproveitando essa questão aproveitei para perguntar o qual era o segredo para manter uma formação tanto tempo, afinal desde os tempos de Sabbath a troca constante de membros numa banda é algo visto como natural.

A resposta para o segredo de se manter a mesma formação foi a união entre todos e acima tudo que consideram o Confronto como quinto elemento, deixando claro que o amor e respeito à banda estão acima de tudo que possa acontecer.

A banda se divide em Baixada Fluminense e Petrópolis, de onde mencionaram que toda influencia para suas letras saem dessa região, onde o governantes em geral fazem vista grossa, dando somente a devida atenção as áreas nobres do Rio de Janeiro, e que a ditadura imposta há 50 anos atrás ainda prevalece sobre o povo de menor renda.

O papo passou por diversos assuntos, entre eles o processo de composição do último álbum “Imortal” onde relataram que tiveram tempo hábil para testar timbres e compor da melhor maneira contribuir para que o álbum ficasse da forma que queriam, sem previsão pré datada para seu lançamento, fato que não ocorria nos álbum anteriores.

O baterista Felipe Ribeiro também contou que compõe e escreve letras logicamente em parceria com o vocal Felipe Chehuan, e que suas influencias para composição do novo CD são Grunge/Metal e bandas como Dow e Alice in Chains diferenciando assim das influencias mais óbvias obtidas no som do Confronto como o Metalcore em si.

Conversamos também sobre a última tour de 45 dias na Europa, as diferentes culturas, as bandas com que tocaram (chegaram a tocar no mesmo festival que a lendária banda Cro-Mags). Destacaram também a tour sul-americana mencionando um show no Equador tocando com Testament. Perguntei, claro como bom fan, do projeto paralelo do vocalista Felipe Chehuan, a banda Norte Cartel (Hardcore na linha de Sick of it all/Madball/Earth Crisis) que prontamente me respondeu que estão compondo para um novo disco sem data de lançamento, mas que em breve algo será lançado.

O papo estava bom mas eles tinham que tocar e eu claro que assisti-los. Existe uma grande diferença entre show e apresentação, o Confronto faz um show!

Eram exatamente 03:45 da madrugada quando uma música instrumental anuncia que o massacre está por vir, Confronto no palco, punhos cerrados e olhos atentos, o público fielmente ficou para ouvir e assistir ao show.

Assistir a um show do Confronto é como presenciar um massacre sonoro, e o primeiro tiro dessa metralhadora foi “Abolição“, já mostra a que veio nos primeiros trechos “Acorrentados estamos, presos sempre estivemos, resistindo, corpos putrefatos, nosso povo esquecido, oprimido e fuzilado! Sobrevivendo ao ciclo da morte“.

De cara já se percebe a interação do público para com a banda, cantando o refrão de “Imortal“, a faixa título do novo CD. Daí pra frente ouvimos “Flores da guerra“, “Revolução” e seguiram com as clássicas “Vale da morte“, Infanticídio, sendo esta minha letra favorita, principalmente no trecho:

Quase trinta anos depois cabeças rolam perto de nós, amigos de infância morreram ou se tornaram números em presídios. Indigentes negros não são coincidências, o poder de fogo destrói a periferia“.

O show segue e dois clássicos são tocados, a galera se acende com as faixas “Guerra“, “Queda e Morte” e “Infanto” do disco “Insurreição“. E logo em seguida mais 5 músicas do álbum “Imortal” são tocadas em sequência matadora, “1 Hora” que em estúdio tem a participação mais que especial de João Gordo (RDP), “Emissarium“, “Meu inferno” (puta instrumental absurdamente pesado com fortes influencias de Down), “Levante” e “Aos dragões“.

A presença de palco é forte, inclusive o baterista Felipe Ribeiro é um dos que mais agitam no palco, seguindo da mensagem altamente politizada de Shehuan. As guitarras pesadas e nítidas de Max Moraes e o baixo pulsante de Eduardo Moratori.

Já são 04:45 e é anunciado ao público presente a última música, o ultimo tiro, a clássica “Santuário das almas” do mais que aclamado álbum “Sanctuarium“.

Fim de show, e realmente, sinceramente O SHOW“, confesso que senti falta de “Causa mortis” no set list, mas seria pedir muito, quem assistiu esse show pode facilmente perceber o por que o Rio de Janeiro de fato não é a tal cidade maravilhosa, conheça e escute Confronto e saberá a verdade.

Guilherme Khalil

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