Formado por John Di Lallo e Henrique de la Rosa (ex-Mind the Gap e Ultraviolet), o Capitão Blue foi concebido como um projeto que pudesse transpôr as limitações de uma banda e explorar ao máximo o que as composições podem oferecer; a própria formação, intencionalmente e definitivamente uma dupla, já exige que mais seja agregado, com a participação de outros instrumentistas, co-produtores ou mesmo amigos criativos ou que trabalhem em outros setores da arte.
O som é essencialmente indie-rock, mas somos brasileiros e não podemos nos permitir permanecer nessa zona de conforto, mudanças rítmicas e estilísticas serão sempre trabalhadas de maneiras diferentes a cada obra. No EP “Tá bom!”, primeiro trabalho do Capitão Blue, essa liberdade já pode ser notada: logo na faixa título, que abre o álbum, o vocal e os versos de Henrique denunciam a influência da (nova) MPB, intercalada por riffs e solos que revivem o rock dos anos 70 com uma nova roupagem.
Elementos da nossa música popular surgem novamente e com mais força ainda desde o começo de “Café”, terceira e última faixa, que se estrutura em cima de um samba distorcido, com uma letra mais complexa e contrabaixo melódico, mas é envolvida em um ambiente etéreo até se converter em uma levada pulsante que embala a canção até o final.
Por fim, o destaque do EP é a segunda faixa, “Vá. (Foi.)”. Conduzida por toda sua extensão por um baixo com efeito fuzz, a música mais triste (mas não menos vibrante) da três é também a mais elaborada e longa. Durante os primeiros 2 minutos e meio, narra-se, de forma metafórica, sobre um instrumental indie-rock com ritmo quebrado, a partida de alguém amado e todas as dúvidas que esse vazio deixou; os próximos quase-três-minutos são uma grande viagem por um blues menor e progressivo, com camadas de guitarras emergindo numa atmosfera obscura, como que extravasando a dor da rejeição. 13 minutos divididos em 3 músicas nem sempre permitem que um artista exponha uma mensagem por completo e crie sua identidade, mas o curto espaço não pareceu ser problema nesse trabalho de estreia no mínimo promissor, que contou com a participação de Tiago Frúgoli e Renato Venom, já experientes no mundo do hip-hop (encarregados pela mixagem e masterização) e Nicolas Csiky (banda Alaska) nas baterias e co-produção.
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