Após um bom primeiro dia, o segundo, que era o mais aguardado, conseguiu superar. Shows incrivelmente fodas! A ”brasilidade” que ressaltei no texto sobre o primeiro dia, se manteve presente.
Abrindo os trabalhos, a Adriah, artista de Brasília, começou seu show com a música ”Dom”, a mais famosa de seu trabalho. Possuindo uma excelente banda, o vocal da artista é diferenciado, não é aquele ”agudo chato feminino”, e sim uma voz com presença e força. Um show que me surpreendeu positivamente, com direito à um excelente cover de Led Zeppelin no fim do show.
A próxima banda é de uns caras que estão aparecendo com frequência no Rock de Verdade. Após lançar o primeiro álbum, a Dona Cislene está provando quem não é uma banda que faz apenas um bom trabalho no estúdio. Show pancada. Ótimas músicas e boa presença de palco. As ”cislenetes” estavam em peso no show da banda. O show teve também uma participação especial na música “Obsessivo”.
O segundo dia do festival foi agitado. De cara, já tivemos um puta show de ninguém menos que Cj Ramone. Com músicas autorais, o ex-ramone também mandou clássicos da banda, como Blitzkrieg Bop. Não preciso nem dizer como foi a reação do público. A galera estava frenética, mas também, com um punk de primeira qualidade, não tinha como não ficar.
Mudando de palco, passamos do clássico punk gringo, para o clássico ”punk candango” com o Detrito Federal. Bom show.
Depois da parte punk, vinha ao palco Budweiser uma das bandas que eu mais queria ver nessa edição do Porão. Uma banda que conheci a pouco tempo, porém que é do caralho. Project 46. Os paulistas mandaram bem demais no show. Abrindo com “Erro +55”, criticaram o sistema o show inteiro e ”tacaram o foda-se”. As rodinhas… ah, as rodinhas… Foram épicas. Um ponto negativo do festival é que o som do palco Bud não estava tão bom quanto dos outros palcos, isso prejudicou um pouco o show da banda, mas foda-se, foi foda. A presença de palco e a interação com o público eram coisa de banda grande. Representaram bem demais e fizeram um dos melhores shows dentre os 36 do evento.
Enquanto acontecia o Project46, outra banda mandava ver no palco UniCeub. Ninguém menos que os Titãs. Com experiência para dar e vender, sabem como fazer um espetáculo. Apresentaram seu novo trabalho, Nheengatu, que é um ótimo álbum, mas também tocaram seus hits. Com o fim do show, se ouvia vários gritos de ”mais um”, o que fez a banda voltar ao palco e tocar “Homem Primata”. Não tem muito o que se falar do show dos caras, não tem palavras que descrevam com exatidão o que é. O que posso dizer é que se tiver um show deles na sua cidade, vá sem pensar duas vezes.
Sendo sincero, devia ser umas 22:00, e eu estava morto. Só queria o show do Raimundos e ir embora, até que entrou uma banda que eu não conhecia e caralho… que show foda! Trampa, banda de Brasília, surpreendeu todo festival com um som atitude, porrada na cara, e experiente. Quando tocaram ”Te presenteio com a fúria”, música autoral, eu fiquei doido (e com a música na cabeça a semana inteira). Uma banda que varia do bruto ao fino. ”O rala de banda independente é foda, mas ver vocês aqui cantando nos motiva cada vez mais”. Do caralho!
Era hora de dar uma variada no festival. Marcelo D2, destacando nossa cultura, mandou do rap ao samba, em altíssimo nível. Claro, que num festival de rock, o estilo teria seu lugar no show do carioca. Planet Hemp teve um espaço grande no repertório, o que deixou o público doido. A banda era muito boa, mas destaco Fernandinho Beatbox, ”o incrível, o extraordinário”. Fez apenas com a boca clássicos do rock. Deram um toque diferente ao festival, quebrando paradigmas e preconceitos.
Para quem não quisesse ter preconceitos e paradigmas quebrados, Cavalera Conspirancy quebrando tudo no palco Bud.
A última atração do festival era a mais esperada. Descobri porquê. Quando o Raimundos entrou no palco, Digão vestia a camisa da Dona Cislene, mostrando apoio as bandas independentes, e achei isso uma atitude grandiosa. Começaram o show com músicas do novo CD, e foram mesclando as novidades com seus clássicos. Muita coisa aconteceu no show que durou quase duas horas. O ex-baterista e eterno raimundos Fred se juntou a banda para tocar três músicas, entre elas, “Mulher de Fases”. O público não ficou quieto (nem parado) um segundo. Assim como o Titãs, transbordavam experiência dos seus anos de estrada. Fecharam o festival com chave de ouro, quando fizeram uma roda punk no meio do palco com a música “Puteiro em João Pessoa”. Resumiram tudo que aconteceu nesse final de semana maluco.
Esse foi o Porão do Rock 2014. Grande festival, em uma grande cidade, a eterna capital do rock. Que venha a edição de 2015!
Autor/editor: Eduardo Rodrigues
Editor Chefe: Will Batera
Fotos: Produção Porão do Rock