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Dona Cislene: de Brasília para o mundo

Dona Cislene, uma banda que vendo sendo citada com frequência aqui no Rock de Verdade. A banda que grava um clipe por semana.

Lançaram seu primeiro CD, ”Um Brinde Aos Loucos”, recentemente, e depois disso, a vida da banda virou outra. Com um som de autoridade, estão se destacando no cenário, de maneira mais que merecida.

Entrevistei os caras de uma maneira bem descontraída, e o resultado foi um papo astral demais, que vocês podem conferir logo abaixo:

RDV: Eu vi vocês falando sobre a origem do nome da banda, que foi em homenagem a primeira fã de vocês. Quem era essa Cislene?

Bruno: Dona Cislene era uma senhora que a gente conheceu que morava em cima do estúdio que a gente ensaiava, na Asa Norte, e na época, a gente tava começando a trocar muito conhecimento musical, e era quando estávamos compondo a nossa primeira música. Na época não era som maduro, e não recebíamos muitos elogios, e ela sempre nos incentivava e nos apoiava, e a gente queria um nome diferente, então foi em homenagem a ela. Ela era bem doida, fumava cachimbo o dia todo, e não falava nada com nada, e talvez é por isso que a gente se identificou, a gente não conhecia uma velha tão doida assim.

Guigui: Primeiramente a gente fez uma música pra ela, que é a décima segunda do disco. Ela oferecia umas balas pra gente que estavam num estado horrível e ninguém queria comer, ai o Bruno falava que ia levar pra irmãzinha dele, e fala isso na música, ”só não come a bala dela”.

Bruno: Até o riff inicial, não é um riff que necessariamente a gente gosta, é um riff  ”noob”, que parece que tá treinando uma linha de guitarra antes do professor chegar, mas ela que pediu pra colocar, então botamos. A gente cogitou em tirar nessa segunda regravação, mas desistimos, e o nome deu muito certo, as pessoas vem nos perguntar por ser um nome muito escroto de estranho, então deu certo pra banda.

RDV: Qual a situação mais inusitada que a banda já passou?

Bruno: Teve um show que tava todo mundo preparado, concentrado, ai o Guigui liga pra gente e fala: fodeu, to com pedra no rim. Não tinha como substituí-lo, ele faz back vocal e um monte de coisa, então foi tocar. O estranho foi ele fazendo os solos e fazendo uma careta muito escrota, mas eu não sabia se era o feeling, ou se era de dor, só não podia parar de tocar.

Guigui: Acabou o show e fui pro hospital.

Bruno: Teve um outro show que eu bebi muita cerveja antes e me deu um piriri cabuloso (puta diarreia). Tava lá no momento, curtindo, e só escuto os moleques me chamando pelo microfone. Só apressei as coisas e fui correndo tocar. O show naõ fui muito bom não, qualquer esforço a mais poderia resultar numa tragédia. A gente tinha essa parada de beber antes dos shows, e eu achava que funcionava porque não via meu estado, mas ai começaram a falar que eu cantava melhor sóbrio. Sempre antes de show que eu pego alguma coisa pra beber os meninos me convencem de largar. A única coisa que a gente usa mais antes de show é uma bebida mais quente, um redbull, ou uma vodka, uma coisa assim, mas sempre de leve.

RDV: Quem é a maior má influência da banda?

Bruno: Acho que a banda é uma grande má influência, no geral. Cada um já foi uma má influência pro outro, até o Pedro consegue ser uma má influência. Depende muito do momento.

RDV: O Digão e o Dinho falaram de vocês nas redes sociais. Qual foi a reação?

Paulo: Foi um surto, ninguém esperava, entramos em choque. Ele falou o que ele gostou, o tanto que ele gostou, e porque ele gostou, isso foi foda.

Bruno: Pelo Dinho ter divulgado, ajudou bastante, uma porrada de novos inscritos no nosso canal. Foi um susto. Eu tava num lugar onde não funcionava o 3g direito, e doido pra ver, e a parada não carregava, fiquei puto, mas feliz.

RDV: O CD tem músicas porradas, até as mais lentas falando de amor. Essa versatilidade é característica da banda ou foi algo pensando no mercado?

Bruno: Nenhum momento a gente pensou em vender, a gente só toca o que a gente gosta. A gente escreve sobre a vida, e a vida tem muito disso. Um dia tu tá lá, com sua mina, amando, e no outro com os brothers muito doido na night. Temos as preferências, mas nunca foi pensando em vender.

RDV: Quando começaram o projeto do Crowndingfunding, imaginaram que daria certo?

Bruno: A gente tava bem discrente.

Paulo: Pedíamos um valor bem baixo, a gente não era uma banda muito conhecida e estávamos com medo de não atingir a meta, mas ai ultrapassou o limite que pedíamos. Dinheiro pra uma banda que tá começando é sempre foda.

Bruno: Acho que o maior medo era ficar conhecido como a banda que não conseguiu. A gente pensou muito sobre o financiamento coletivo, fizemos uma campanha, e deu certo. Descobríamos que tínhamos fãs no Brasil inteiro. Teve uma menina de Maceió que doou mil reais pra banda. Ela não é uma menina rica, ela lutou por isso, tirou grana da mesada, pediu pra mãe trabalhar dobrado. A gente ficou de cara com isso. Nos relacionamos com os fãs como se fossem amigos mesmo, e acabam sendo. Depois do financiamento coletivo, que atingimos 150% da meta, começamos a sonhar mais alto, tipo em gravar um clipe no Estádio Nacional de Brasília. Hoje em dia a gente tenta tudo.

RDV: E como foi gravar o clipe de Goodvibe ?

Guigui: A ideia do roteiro já tava na cabeça, e só faltava fazer a locação de onde a banda iria ficar. A gente pensou, “o Estádio foi feito com nosso dinheiro, então por quê não gravar lá?” Dei a ideia pros meninos, e me mandaram calar a boca.

Bruno: Na hora que o Guigui deu a ideia já falei, ”tá doido, vamos gravar ali no quintal de casa mesmo e tá bom”.

Guigui: Eu bati lá na porta e enchi muito o saco. No começo, conseguimos a arquibancada pra gravar, mas queria mais. Foi indo assim, e gravamos no meio do campo. Na hora que dei a ideia do gramado, me mandaram calar a boca de novo. Tinha jogo do Flamengo três dias antes, e podia danificar o gramado, um mês antes da Copa também, mas deu.

Paulo: Tinha um cara adubando o gramado, e quando terminou a gente foi correndo gravar.

Bruno: Foi realmente muito rápido. Montamos a bateria igual em tempo recorde, só pausamos pra tirar a fotinha, e já fomos gravar voando.

Paulo: Cada um trocou de roupa o mais rápido possível, foi frenético. O pessoal saía lá de cima, dos escritórios pra aplaudir a gente.

Bruno: A gente parou de tocar e de repente ouvi uns aplausos, fiquei pensando, ”que porra é essa?”

Paulo: É bom falar, o clipe tem nenhuma relação com a Copa. A gente tocou no estádio porque é  o maior lugar que uma banda pode tocar. Dessa vez foi vazio, mas ainda vai tá lotado.

RDV: Como é a relação de vocês com os fãs?

Bruno: A gente sempre conversa com os fãs. Em relação aos fã-clubes, a gente sempre dá uns toques de brother, de gerenciamento mesmo, e…

-Nesse momento da entrevista, Guigui percebe que tá com a calça rasgada. Sorte que tava de cueca (dessa vez) e não pulou nada. Bruno perdeu o raciocínio da resposta, então… próxima pergunta-

RDV: Qual música é o xodó de vocês do álbum, e se pudessem voltar no tempo, mudariam alguma coisa?

Bruno: Cada um tem a sua, depende muito por causa do instrumento também.

Paulo: E sobre essa de mudar alguma coisa, o rock é imperfeito, são as imperfeições que deixa foda, então não mudaria nada.

RDV:  Sobre o CD , vocês pretendem gravar outro clipe?

Paulo: A Lua é um lugar que eu queria muito gravar.

Bruno: Cara, a gente gosta muito de gravar clipe, a gente acha que dá um sentimento muito maior pra música. Sobre futuros trabalhos, até o fim do ano deve sair mais uns dois.

Guigui: A gente queria um por música na verdade, mas o financeiro não permite, e também uma hora acaba as ideias.

 

RDV: Se vocês pudessem escolher qualquer pessoa no mundo pra gravar uma música com vocês, seja vivo, morto, brasileiro ou gringo, quem seria?

Guigui: Essa pergunta é difícil, prefiro não falar não. Como que eu vou fazer uma parceria com o Angus Young? Eu queria muito, mas é meio foda.

Paulo: Uma com o John Boham seria foda.

Bruno: Sendo realista, com o Dinho seria legal.

Paulo: Eu queria muito com o Chorão.

Bruno: Acho meio complicado. O  Paulo conhece a galera do Strike, seria legal uma parceria com o Marcelo. Agora internacional…

Paulo: Beyonce, imagina dividir o estúdio com uma gostosa daquela, ia ser foda.

Bruno: Cara, acho complicado, se eu pudesse fazer uma parceira com um cara pica de fora

-Depois desse ”pica de fora”, vamos para a última pergunta-

RDV: E para terminar, quais os próximos projetos?

Guigui: Show no Brasil todo, uma meta nossa.

Bruno: Já tenho ideias pro segundo CD. Explorar coisas diferentes, timbres diferentes e letras diferentes.

Gostaria de agradecer aos meninos pela entrevista. Sucesso!

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Eduardo Rodrigues

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