DREAM THEATER – Um ode a música através do conceitual “The Astonishing”

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Texto: Junior Pontes. 

Edição: Paula Alecio
O Dream Theater é uma das melhores bandas que existe atualmente no cenário musical,  e podemos dizer isso sem distinguir estilos. Tive o privilégio de conhecer a banda através do clássico definitivo “Images & Words” lançado no ano de 1992, óbvio que não tive a oportunidade de ouvi-lo aos meus sete anos de idade, no entanto, fiz isso mais tarde, e desde então me tornei fã incondicional dessa banda que pode ser chamada de patrimônio da humanidade, pela criatividade, musicalidade e sentimento pelo qual tratam a  música.

E nesse 13º álbum lançado, chegamos a um diferente nível de sentir a música. Individualmente os músicos estão incríveis, as letras soam emotivas e fortes. O álbum passa-se no futuro no ano de 2285, porém somos transportados para a infância, onde a inocência se faz presente, somos tomados por certa nostalgia. Mas não pense que o disco é cheio de elementos eletrônicos ou algo similar, pelo contrário, a música vem de forma poética e envolvente. O futuro é governado pelo imperador Nafaryus e as pessoas encontram no músico Gabriel a chance de sair da opressão. O conceito foi desenvolvido pelo guitarrista John Petrucci, inspirado em franquias de ficção científica como Game of Thrones, O Senhor dos Anéis e Star Wars e na análise da sociedade moderna. Tudo isso para se chegar ao surreal “The Astonishing”.

“Descent Of The Nomacs” pequena introdução que abre o álbum, preparando o terreno para a melodiosa instrumental “Dystopian Overture”, que vem com uma bela melodia ao piano seguindo uma cadencia e o peso na medida certa, cheia de emoções, abrindo de forma grandiosa o disco. “The Gift Of Music” começa com dedilhados de guitarra e levadas de bateria dançante, James Labrie da o ar de sua graça com sua voz única e incomparável, musica que traz todas as características da banda, instrumental poderoso aliado ao feeling da voz de James, seguindo temos a mid-time “The Answer” que chega a ser quase acústica, ela tem menos de 2 minutos, mas poderia ter 10…pela beleza que possui tal canção. A quinta do disco é “A Better Life” e não se passaram nem 20 minutos, normalmente 3 músicas da banda já passam disso, enfim, voltando ao disco, a faixa começa com o som de um exército marchando e logo da entrada a batida pegajosa e a voz entra de forma poderosa, com seu refrão magnífico a música vai se tornando majestosa, destaque para o interpretação de voz.

Na sequência temos “Lord Nafaryus” progressiva com suas linhas modernas de teclado, juntamente com o peso e agressividade das linhas vocais, finalizando de forma teatral para a entrada da melódica “A Savior In The Square” que tem sua primeira metade instrumental em seguida dando espaço para a voz e o peso do progressivo da trupe, finalizando de forma suave e melancólica. A oitava do disco “When Your Time Has Come” começa com uma sinfonia ao teclado, na sequência a voz de James toma conta do faixa, lembrando um pouco a atmosfera do álbum “Metropolis Pt.2: Scenes From a Memory” (1999), destaque para o ótimo solo de guitarra praticado nesta faixa, não deixando a coisa esfriar temos a atmosférica “Act of Faythe” dramática, cheia de feelings com as linhas de piano emocional e linha de voz absurdamente linda, refrão espetacular! Uma verdadeira ode a música, esse trabalho do quinteto é digno de Broadway.

“Three Days” começa teatral com o vocal grave dando dramaticidade a canção, mas logo cede espaço para o caminho do progressivo, nada de excepcional, mas uma boa musica. Na sequência temos o interlúdio “The Hovering Sojourn” que serve de entrada para a Operística “Brother, Can You Hear Me?” com diversos momentos dentro de uma única canção, inicia-se ao som de uma banda marcial, logo após brada-se o título da faixa, uma musica não muito usual para os padrões da banda, no entanto, é mostrado na segunda metade da musica que ela segue o conceito do disco, voltando à dramaticidade, enfatizando a voz e o piano. A décima terceira faixa do disco “A Life Left Behind” destoa um pouco das demais musicas apresentadas até o momento, porém traz alguns bons momentos. “Ravenskill” começa ao piano, com linhas de vozes progressivas de James Labrie, se mantem cadenciada até a primeira metade, em seguida apresenta todos os elementos da banda, fazendo dela uma ótima musica.

“Chosen” é uma balada absurdamente linda, emocional e completa. Aquela balada típica que pode arrancar lágrimas da platéia, com uma das letras mais perfeitas já criada pela banda. Na sequência temos “A Tempting Offer” com sua atmosfera à Lá Metropolis pt2, traz ótimos momentos, com suas variações progressivas. Após temos um interlúdio “Digital Discord” cheio de elementos eletrônicos, abrindo caminho para “The X Aspect” que novamente abre ao piano, melancólica e belíssima, segue cadenciada e com linhas de vozes carregadas de emoção, se este trabalho da banda não apresenta muito peso ou algo voltado às guitarras, deve se destacar o trabalho perfeito realizado por James Labrie nas vozes e por Jordan Rules nos teclados.

“A New Beginning” começa com riff’s de guitarra e viradas legais de bateria, com um pouco mais de peso a musica vai crescendo aos poucos, tem uma das frases mais incríveis e uma verdadeira ode a musica “You knew how it felt to feel invisible, music calmed your soul, just like a drug”: Você sabia como era se sentir invisível, a música acalmava sua alma, como uma droga –  é uma das músicas mais completas deste disco. Para finalizar a primeira parte do álbum temos “The Road To Revolution”,  sinfônica e harmônica, com a cadência necessária para prender o ouvinte, fechando a primeira parte do disco de forma brilhante.

A segunda parte do disco começa com a introdução “2285 Entr’acte” instrumental cheio de nuances e uma bela melodia, abrindo caminho para “Moment of Betrayal” que foi uma das primeiras músicas apresentadas ao público, com seu início emocional mostrado pelas linhas de piano, vai crescendo com os elementos característicos da banda, com seu refrão pegajoso e acentuado. Na sequência temos “Heaven’s Cove”, boa parte da música é instrumental, do meio pra frente os vocais de James aparecem, destoa um pouco do restante do álbum, mas não deixa de ser uma boa música, acredito que se fosse toda instrumental poderia soar melhor. “Begin Again” começa com um solo de guitarra muito bonito, em seguida James nos brinda com sua bela e suave voz, nos levando a viajar pelo universo dada a beleza da melodia que se ouve, até o momento a melhor dessa segunda parte do disco.

“The Path That Divides” é progressiva do início ao fim, sem inovações e sem correr riscos, após temos um interlúdio chamado “Machine Chatter”. “The Walking Shadow” começa com vocais urrados de James e com certo peso, é uma música mid-time o que é até estranho para uma banda como o Dream Theater. Na sequência temos “My Last Farewell”, que começa emotiva e se torna pesada e progressiva, não deixando as coisas esfriarem temos a emocional “Losing Faythe” com outra bela interpretação de voz.

“Whispers on the Wind” é quase um interlúdio com pouco mais de um minuto de piano e voz, na sequência vem “Hymn of a Thousand Voices” sinfônica e com uma levada pop, uma música muito agradável de ouvir. Seguindo temos “Our New World” com a pegada comercial da banda, vocais acentuados e guitarras bem trabalhadas, com um belo solo do Petrucci nessa faixa, após temos um interlúdio “Power Down” cheio de elementos eletrônicos.

Pra finalizar o álbum a faixa título “Astonishing” com uma melodia bem peculiar para os ouvintes do álbum, pois se faz presente em muitos momentos do disco, a música é grandiosa, com momentos decorrentes do disco na melodia, vocalizações precisas e instrumental sublime. “The Astonishing” pode não ser a obra prima da banda, em muitos momentos ele soa mais ‘Broadway’ que um disco de heavy metal ou rock propriamente dito, mas certamente estará entre os favoritos de muitos fãs, particularmente acho o melhor álbum da fase Mike Mangini, os destaques são gerais, mas destaco o trio Petrucci, James e Jordan que se sobressaíram. Seja paciente e deleite-se com mais um ótimo trabalho realizado pelo Dream Theater.

DREAM THEATER – (The Astonishing)

(Roadrunner Records, 2016)

 

Track List: disco 1

1 – Descents of the Nomacs

2 – Dystopian Overture

3 – The Gift of Music

4 – The Answer

5 – A Better Life

6 – Lord Nafaryus

7 – A Savior in the Square

8 – When your Time has Come

9 – Act of Faythe

10 – Three Days

11 – The Hovering Sojourn

12 – Brother, Can you Hear Me?

13 – A Life Left Behind

14 – Ravenskill

15 – Chosen

16 – A Tempting Offer

17 – Digital Discord

18 – The X Aspect

19 – A New Beginning

20 – The Road to Revolution

 

Track List: disco 2

1 – 2285 Entr’acte

2 – Moment of Betrayal

3 – Heaven’s Cove

4 – Begin Again

5 – The Path That Divides

6 – Machine Chatter

7 – The Walking Shadow

8 – My Last Farewell

9 – Losing Faythe

10 – Whispers on the Wind

11 – Hymn of a Thousand Voices

12 – Our New World

13 – Power Down

14 – Astonishing

 

Line up:

 

James LaBrie – Vocal

John Petrucci – Guitarra

Jordan Rudess – Teclado

John Myung – Baixo

Mike Mangini – Bateria

 

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