Após surpreender com um lançamento de um CD duplo e conceitual, o Dream Theater se empolgou com a sua fase atual e se apresentou de uma maneira bem diferente do convencional no Espaço das Américas, São Paulo, no dia 22/06.
A primeira “novidade” é que o show tinha lugar marcado, cada um com sua cadeira, como se fosse em um cinema de fato. O conceito criado por John Petrucci apresentou uma história que flui através de 34 músicas. E o show, fez nada mais, nada menos, do que contar essa história pelas 34 músicas.
Aos que foram esperando grandes clássicos da banda, ou até mesmo músicas de álbuns atuais e diferentes, não devem ter ficado contentes. As quase duas horas e meia de show, ficaram por conta das 34 músicas do álbum novo. E, o que por um lado foi estranho, por outro lado foi bastante arrojado e ousado por parte da banda. Este show não foi algo comum, principalmente por conta da iluminação no fundo do palco. Conforme as músicas iam passando, os telões que ficavam atrás dos músicos, contavam toda a história do álbum, mostrando os personagens, as cenas de ação, drama, entre outras coisas. As luzes e imagens estavam tão bem feitas que a banda ficou em segundo plano muitas vezes. Aliás, isso pareceu bastante proposital, principalmente porque os telões mostravam uma visão estática de uma câmera que ficava de frente para o palco e mostrava o palco inteiro em um único quadro, sem alterações. Este show, era para ser assistido visualmente, como um filme no cinema. Eu juro que se sentisse o cheiro de pipoca, não acharia estranho.
A ousadia de deixar a banda em segundo plano e apresentar o conceito, fez com que a segunda parte do show (sim, o show teve um intervalo de 15 minutos) ficasse um pouco massante. O CD01 do novo álbum é um pouco mais diversificado em suas músicas com alterações até interessantes entre as músicas mais lentas e as músicas mais rápidas. Contudo, o CD02 possui muitas músicas lentas que deixam o ouvinte um pouco desconexo e isso ficou um pouco claro na segunda parte do show, principalmente por todos estarem sentados. Uma coisa que mudou muito e foi inclusive citado em uma resenha do álbum novo (que você pode ler AQUI) foi a performance dos músicos que, por estarem absurdamente concentrados nas luzes e nas imagens que fluíam em contraponto à apresentação, interagiram muito pouco com o público. Aliás, não foi um show muito animado. Tudo bem que esse não é o ponto forte do Dream Theater e todos sabemos disso, mas ao retirar a “virtuose” do show e sem câmeras mais próximas aos músicos (pelo telão), ficou difícil se envolver, pareceu tudo muito distante.
O Dream Theater fez algo muito diferente e apostou em um trabalho conceitual. Não ficou ruim, principalmente pelo alto nível de profissionalismo deles. Contudo, não foi memorável. O guitarrista John Petrucci teve alguns bons momentos com seus bonitos solos de guitarra e o vocalista James Labrie esteve muito bem durante o show… De resto, foi como ouvir o CD assistindo imagens bonitas. É muito bom ver o Dream Theater apostando em coisas novas, mesmo que acabe por deslizar em alguns pontos, pois um dos pilares da banda, sempre foi “inovação e mudanças”, afinal o prog é isso e há três álbuns que eles não apresentam uma mudança significativa ou alguma novidade em seu som. “The Astonishing” bateu na trave, mas a esperança é que estejam no caminho certo e a prova disso foi a direção artística desse show que após o termino teve até os “ending credits“.