Entrevista exclusiva com a banda paulistana Acid Tree, confira

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Olá gente boa!

Pra quem conhece um pouco do trabalho dessas feras, leiam essas palavras, tenho certeza que não perderá seu tempo.E para os que ainda não ouviram Acid Tree, uma breve introdução:

Banda paulistana, formada em 2013, cheia de rock´n roll na veia.

Trio do barulho: Ed Marsen – Guitar e vocal, Giorgio Karatchuk – bateria e Ivo Fantini – baixo.

Estilo: desconhecido.. eu vou chamar de rock ácido!

Objetivo:Fazer música com personalidade, muita garra e trabalho duro. Com uma pitada de inteligência e arte, e com a vontade de leões de mostrar o que é o som que sai de dentro pra fora.

Essas três feras receberam o Rock de Verdade gentilmente no Studio X, onde gravaram seu álbum e ensaiam. A entrevista foi feita pessoalmente, essa é a minha transcrição do que rolou. Bora conferir?

RDV: Gostaríamos que nos contassem como foi que se reuniram, como a Acid Tree nasceu?

Ed Marsen: Bom , pra contar a história da banda, tenho que contar a minha história. Eu tive banda quando moleque, cover de blues e rock, nada muito metal, apesar de eu já gostar. Quando tinha de 17 pra 18 anos, me dediquei aos estudos para passar em direito. Quando fazia a faculdade, tive uma crise e resolvi trocar para filosofia, depois voltei para o direito e consegui um intercâmbio para a França. Já na véspera da viagem, sei lá porque, resolvi que iria levar minha guitarra, que estava parada já há algum tempo.

Depois de um tempo lá fora, tomei a decisão que queria viver de música, queria montar uma banda, mas resolvi  não contar pra ninguém com medo da aceitação. Assim que finalizei o intercâmbio, larguei o direito e disse pra todos que eu iria trabalhar com produção, achei que por ninguém sabe muito bem o que é, não ficaria tão estranho, e também soa bonito, isso já faz 5 anos. Mas eu não conhecia ninguém do ramo, meus amigos ou estavam na Mpb ou trabalhando. Publiquei um anuncio no Whiplash,o clássico: quero formar uma banda séria! (Rs) Poucas pessoas me responderam. Curioso foi que um mês depois essa parte do site saiu do ar, a gente brinca que foi um passado profético. O Giorgio respondeu ao anúncio, depois de trocarmos uns e-mails nos conhecemos. Tocando juntos, percebemos uma relação absurda. Entre idas e vindas de outros integrantes, ficamos só eu e o Giorgio, por um tempo.

O Ivo entrou quando mudamos para um estúdio novo, por indicação de um baixista de uma das bandas que ensaiavam lá. Logo de cara curtimos o trabalho dele, ele se mostrou muito comprometido. Formamos então, o trio. Eu e o Giorgio tínhamos pensado em um formação clássica de metal (5 integrantes), mas não foi bem isso que aconteceu. Hoje não queremos mudar nossa conformação, achamos que não tem como ser melhor.

RDV: De onde veio o nome? E, o símbolo, qual o significado?

Ed Marsen: decidimos juntos eu o Giorgio, um dia na casa dele, estávamos escolhendo palavras fortes, pensamos na árvore que simboliza a vida, mas tinha que  ter algo pra contrabalancear, tipo vida e morte, e veio Acid Tree! E ficou. Como sempre trabalhamos com contrastes: em nosso musica mesmo com momentos violentos, cheio de raiva e outros de reflexão, mais calmos e brandos. Na nossa primeira campanha, as imagens foram preto e branco. As letras também são baseadas nessa ideologia, sou eu quem escrevo, todos ajudam, mas eu quem literalmente escrevo as letras conflituosas,  sempre trabalhando esses dois pólos. Eu já quis mudar o nome, não vou nem dizer o nome porque é muito ruim (rs), mas quando fomos gravar o primeiro disco, voltamos atrás.

Sobre o Símbolo: foi um parceiro nosso, o Lucas Cruz quem elaborou. A gente brinca que ele é o quarto integrante da banda. Através de um estudo que ele fez com a filosofia  e ideologia da banda, e da ideia de gostarmos desse primitivismo, do contraste, ele quis criar uma assinatura que significasse Acid Tree, como os Kanjis  japoneses, por exemplo. Ele tem três traços distintos que se conectam para formam um. É isso que significa o símbolo, cada um de nós três, com suas próprias personalidades, formando a banda. Nem precisa dizer que adoramos e adotamos.

RDV: Como enquadraria o som de vocês?

Ed Marsen: Essa é realmente um pergunta que eu não sei bem a resposta. Já fiz uma grande pesquisa sobre, mas não chegamos em nada conclusivo. Não somos metal, pois faltam alguns elementos, como a guitarra mais rápida, não somos rock progressivo, porque não é tão progressivo assim, possuímos elementos rock em nosso som, mas não sabemos bem onde enquadrar. Fico entre o rock alternativo e o rock psicodélico, não sei bem. Isso é até um problema pra nós, pois as vezes temos que preencher um formulário, e eu não sei bem como falar, as vezes coloco um, as vezes outro, sei lá.

RDV: Vocês fizeram parte da festa homenageando a banda sueca Pain of Salvation, a Party of Salvation em 2015, na qual apresentaram o trabalho de vocês junto com mais três bandas nacionais, shows apresentados para fãs especiais de Pain e para a própria banda que estava lá. Como foi essa experiência?

 Ed Marsen: Eu sou suspeito pra falar do  Pain (para os íntimos), porque é uma das minhas bandas favoritas. E claro, é uma referência muito forte para a banda, gostamos de toda a obra deles. Se olharmos para o ano de 2015, um dos pontos mais altos para a banda foi a Party. Abrir esse espaço para bandas brasileiras é de extrema importância,  a forma como foi organizada foi sensacional, com muito coração por parte do Thiago Claro. Eu não conhecia a Pain of Salvation- Brasil, apesar de se muito fã do Pain, e acho que tenho que mencionar, eu conversei com o pessoal lá, é uma comunidade que vem desde a época do Orkut, fãs muito especiais, agora faço parte e converso com o pessoal pelo Facebook. Eu agradeço muito pela oportunidade dada para a Acid Tree, e nunca vou deixar de agradecer. Foi um momento muito especial para todos nós, um sonho realizado. Tocamos para o Pain of Salvation, pois eles assistiram o show, para os fãs deles, conhecemos o Insane Driver, o Metal Jam e o Vivalma (bandas que tocaram antes). Conversamos com os caras antes e depois do show. Momentos que não iremos esquecer. Achei um evento muito importante, hoje os integrantes tem um carinho especial pelo Brasil,  eles viram e perceberam que aqui tem uma segunda casa. E mostramos que temos bandas de muita qualidade por aqui também. Acho que eventos como esse deveriam acontecer com mais frequência.

Giorgio: Sem dúvida uma das grandes influências para nós, assim como outras bandas suecas, não foi a toa que escolhemos masterizar nosso álbum lá na Suécia.  É uma banda de várias fases, e foi muito desafiador, pois não tínhamos muito material no ar, nem o site estava no ar ainda. Mas serão momentos inesquecíveis.

RDV: Ainda em 2015, também produziram a trilha sonora de um espetáculo de dança, o “Koan”. Como surgiu esse convite? E como foi essa experiência, no mínimo inusitada para uma banda de rock?

Ed Marsen e Giorgio:Foram vários fatores. Eu como produtor musical, trabalho com trilha sonora. O Giorgio conheceu o Sergio Inácio em uma viagem, que é diretor desse grupo de dança chamado “Chega de Saudades”. O Sérgio viu nosso trabalho de banda e gostou. A ideia do espetáculo foi utilizar esse grupo, que possui como integrantes não bailarinos profissionais, e sim pessoas comuns que amam a dança e que dançam bem, de diversas classes sociais e diversos estilos, algo muito rico culturalmente, que transforma essas pessoas através da arte. É um projeto que já tem 4 anos, e sempre teve muita aceitação. Eles já estiveram em muitos locais , esse ano foi no Grande Auditório do MASP. No começo estávamos relutantes,  pois nas três primeiras edições, eles utilizavam uma trilha sonora que escolhiam, e agora estavam querendo usar músicas compostas especificamente para essa edição. Foi um desafio enorme, compusemos sons a partir do nada, incluindo novos instrumentos, como piano, violoncelo.

Os dançarinos vieram até o estúdio, com o coreógrafo, enquanto eles dançavam os passos da peça, íamos construindo as músicas em cima desses movimentos. Gravamos as músicas e mandamos para eles. Aprendemos muito com todos, com certeza algumas dessas experiências ainda irá aparecer em nossas músicas. A introdução de nosso show hoje foi feita á partir dessa experiência, assim como alguns elementos cênicos que estamos introduzindo em nossas apresentações aos poucos.

RDV: Vocês já tem um disco gravado, o “Acid Tree”, que ainda não foi lançado oficialmente,  e que  foi produzido e gravado por vocês mesmos. O mesmo foi masterizado na Suécia. Contem-nos essa história?

Ed Marsen:Inicialmente mudamos para o estúdio onde estamos agora, e resolvemos fazer uma demo. Como ficou muito bom para os nossos parâmetros, resolvemos gravar o álbum todo, e ninguém melhor para gravar que o Giorgio, que já trabalha com isso.

Giorgio: Hoje tem um aspecto da musica que a galera fala : pô eu vou fazer uma demo. E é tão fácil você fazer algo já com qualidade, porque não existe mais aquele sonho de cinderela, você faz uma demo entrega para um empresário e ele vai te lançar e você vai virar um Axel Rose. Isso já acabou. Então falamos, vamos gravar algo independente mas com qualidade, aproveitamos o estúdio que nos fornece um range de equipamentos bem maior melhor de instrumentos, vamos começar a gravar, e foi uma loucura, as músicas já estavam prontas, acabamos pulando a parte da pré-produção, mas ai a gente foi incluindo coisas.

Ed Marsen: É muito legal isso né, cada um tem um papel em uma banda, acabei entregando  a produção, gravação e mixagem, tudo na mão do Giorgio. Foi a melhor coisa que fiz, afinal de contas, alguém tem que tomar as decisões. Passamos de 7 a 8meses experimentando possibilidades, pois tínhamos o estúdio á disposição, experimentamos muito.

Giorgio: Tudo que eu não consigo fazer no disco dos outros, fiz com o nosso. Pensamos, já que economizamos com todo o processo, vamos masterizar fora,  pois o fator humano – a pecinha atrás da mesa – aqui no Brasil produz muitos estilos diferentes, é muito generalista, queríamos alguém que estivesse familiarizado com o nosso estilo. Pesquisamos pessoal de diversas localidades, de diversos álbuns que gostamos, e acabamos chegando no Mats “Limpan” Lindfords,  na Suécia.

Ed Marsen: Praticamente todas as bandas que nos influenciam são suecas: PainofSalvation, Opeth, Katatonia, e por ai vai. Eu e o Giorgio decidimos ir até lá, apesar de podermos fazer tudo online, fomos para o estúdio chamado Cuttingroom, logo de cara curtimos o estilo do Mats. A primeira pergunta que ele fez foi: Vocês são do Brasil não é? O que estão fazendo aqui? Ai explicamos pra ele, que queríamos participar da masterização pessoalmente, e ganhamos o respeito dele.  O processo de gravação do álbum foi bem pesado, muitas noites sem dormir e muito trabalho para produzir tudo sozinhos, estávamos até meio apreensivos com a situação de mostrarmos tudo feito independente para um profissional tão qualificado. Mas no fim, deu tudo certo e o resultado foi excelente.

RDV: Não podemos deixar de comentar, o lançamento do primeiro vídeo clipe da banda, com a música “Adrift”, integrante do álbum de vocês. Contem-nos como foi sua elaboração? Por que a escolha desse som?

Ed Marsen: O clipe também é trabalhado na ideia da contraposição. Nosso álbum tem seis músicas, dentre elas escolhemos “Adrift”, por ser a minha preferida do momento, pois eu vivo mudando (rs). Resolvemos fazer uma produção da Acid Tree. Conversamos com o Lucas Cruz, nosso parceiro, que também é fotógrafo, diretor de arte, mas que nunca tinha dirigido um videoclipe. Trabalhamos com os recursos que tínhamos, tentamos fazer algo com inteligência e que estivesse ao nosso alcance. Tivemos parceiros, como o diretor de arte: Diego Castilho, que compraram a ideia e nos ajudaram com a produção.

Tentamos passar o que a letra da música diz. “Adrift” fala sobre uma experiência traumática,  do que eu chamo : “faz você sair de um estado de inocência”, o que pode ser desde a morte de alguém, até coisas mais simples. Algo que nos marca, que deixa um fantasma conosco, que aprendemos a viver e lidar com, mas que nunca some de vez.

A ideia era usar a figura do quarto, que é o refúgio, uma metáfora da cabeça de cada um. Foram três estórias diferentes, uma para cada integrante, no mesmo quarto, só mudamos a mobília. No final, saímos do quarto e vamos tocar, mostrando a superação desse momento.

Em termos técnicos, foi desafiador, porque gravamos em um mesmo local. Gostamos muito do resultado.

RDV : Quais os planos para esse ano?

Ed Marsen:Esse ano decidimos fazer um lançamento diferente do tradicional, são seis músicas no nosso álbum, então separamos as músicas e vamos lançar uma música de cada vez com uma campanha diferente para cada uma delas, sempre tentando criar um mini universo em torno dessa música.

Giorgio: Pensamos em nos manter ativos dessa forma. Porque se pararem para pensar, a internet hoje é um universo, e nós somos uma fração da fração da fração dele. Ficamos com o Cd um ano na gaveta, elaborando essa campanha. É uma aposta nossa.

Ed Marsen: Cada som nosso tem temas diferentes, e podemos explorar muito mais o  universo da música. Terão vários vídeos ao vivo, making of das gravações, como fizemos as letras, os vídeos e muitos shows, afinal de contas nosso manifesto é tocar ao vivo.

RDV: Deixem um recado para os leitores do Rock de Verdade.

 Giorgio: Quem ver nosso videoclipe, escutar nossas músicas e for procurar sobre o nosso trabalho, saiba, um pouco por essa entrevista, que tudo isso é feito com muito carinho,  dedicação, e com muito esforço, pra poder fazer tudo isso tão caprichado. Acho que vale a pena não ficar só no mp3,  no seu celular, no videoclipe, vale a cerveja, vem conversar com a gente e curtir o Show. Vem com a gente que vai ser muito especial ter vocês em nossos shows, pois eles são feitos pra vocês!

Assista ao clipe:

https://www.youtube.com/watch?v=gunQmty_7ss

Siga:

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Ouça:
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Google Play http://lml.to/adriftgoogleplay
iTunes http://lml.to/adriftitunes

P.S.: Gostaria de agradecer á todos pela atenção dada a mim e ao Rock de Verdade. Deixo aqui minhas impressões sobre tudo que ouvi e vi: …Com certeza é uma das bandas mais originais que já vi, possuem uma linguagem única, uma musicalidade que vem da alma. Som forte, com letras intrigantes e inteligentes. E, como fazem tudo com muita seriedade e carinho, não tem como a galera não curtir. Parabéns pelo trabalho trupe!

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