Hoje a entrevista é com o maior ícone do punk rock gaúcho, Duda Calvin, popularmente conhecido na banda Tequila Baby, além de deixar o seu legado para a música gaúcha ele trabalha fortemente em um projeto chamado “Cadê a música no RS?”, confira tudo que se trata aqui nessa entrevista exclusiva feita por Eduardo Daronch!
Rock De Verdade: Primeiramente é um grande prazer te entrevistá-lo, agradecemos ao tempo disponível para responder algumas questões que envolvem o cenário popularmente taxado como “Underground”, aliás a definição Underground está praticamente se extinguindo, pois hoje a grande responsabilidade de divulgação, distribuição e reprodução de shows está cabendo diretamente ao artista, mas e aí, para um grande nome do Rock Gaúcho e Nacional que é a Tequila Baby como foi o processo de adaptação e reação mediante essa infinidade de plataformas virtuais, crescente número de casas de shows e segmentação de público para uma banda continuar sobrevivendo de música?
Duda Calvin: Boa colocação, hoje praticamente todos os artistas Brasileiros fora do Funk e do Sertanejo são Undergrounds, os que não tem gravadora, e que vendem seu próprio show, desde a MPB, passando pelo POP, Rock, Metal, Ritmos Regionais, etc… Sempre se falou da cultura Underground, pois bem, agora todos praticamente estão do mesmo lado, já tivemos gravadora, depois fizemos um disco exclusivo pra download (Lobos Não Usam Coleira) e agora estamos por nossa conta, o trabalho é maior, mas você pode fazer isso muito bem, começo todos os dias ás 07:00hs e termino as 19hs, ás vezes um pouco mais. Mas é bacana!
RDV: Por conhecer a banda sei o quanto foi trabalhado em cima para a Tequila ser o que realmente é hoje, talvez a falta de trabalho seja a principal responsável pela aquietação de nosso cenário e não a culpa por a extinção de produtoras e gravadoras, o que falta pra uma banda disparar, aglomerar fãs, sobreviver e viver de música além de ter uma música boa claro…
Duda Calvin: Exato, matou a charada, músico quer ser produzido, músico só quer tocar, infelizmente este músico morreu nos anos 90, quando vc tinha gravadora, produtor, produtor artístico e produtor executivo, isso não existe mais, vc faz tudo isso, e ainda faz a assessoria de imprensa, ou seja, bate o escanteio e vai na área cabecear. banda, tem que trabalhar todo o dia na sua divulgação!
RDV: Duda, você tá com o projeto Cadê a Música no RS! Que passa por diversas cidades remetendo esse tema a galera, poderia nos explicar um pouco mais sobre?
Duda Calvin: No Cadê a Música eu ensino exatamente isso, a como se divulgar, como postar uma foto, como gerar conteúdo e assunto todos os dias, e faço isso de graça, quanto mais bandas estiverem trabalhando profissionalmente, mais shows vão acontecer e mais eu ganho como músico, o que eu faço é ensinar a aquecer o mercado.
RDV: Para a galera que tá começando agora, tem um bom material em mãos, tudo pronto, mas peca ao divulgar seu trabalho e vender os shows, na sua opinião qual seria o caminho mais transparente para a banda conseguir rodar e ter uma renda na estrada?
Duda Calvin: Juntar-se com outras bandas de outras regiões e trocar shows, trocar divulgação, organizar um show na sua casa, trazer a banda e ir num show organizado pela outra banda na cidade deles, tem que criar uma rede de contato e divulgação, é bacana e fácil de fazer, apareçam nas palestras que eu ensino como fazer.
RDV: A Tequila Baby encerrou sua turnê em comemoração aos 20 anos (o show foi realizado no Opinião em Porto Alegre no dia 06 de Dezembro), olhar pra trás e ver toda uma trajetória de suor e criatividade, poderíamos ressaltar um ponto que vários artistas se esquecem, a musicalidade, sem isso nenhuma banda permanece “clássica”, como vocês vinham batendo grandes hits e emplacando muita coisa bacana, qual seria a grande dica pra galera que tá começando a montar uma banda de rock and roll aí? Qual seria o velho ensiamento do Samurai Calvin?
Duda Calvin: Risos, Samurai é? Tá bom, bom, quando a gente começou em 1994 não pensava em fazer show, só ensaiava pra me divertir, não pensava em fazer música, não pensava em fazer demo, não pensava em fazer disco, não pensava em tocar com as bandas que me influenciaram, não pensava em ganhar o premio MP3 de banda de Punk Rock mais ouvida do Brasil e, 2015 , não pensava em nada disso, só queria tocar pra me divertir, e hoje ainda faço isso, quando você se diverte fazendo isso o tempo não passa, é algo muito prazeroso, por isso trabalho quase que todo o dia divulgando o que eu faço.