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Epica: Em entrevista exclusiva, Mark Jansen diz que espera por shows lotados no Brasil

Depois de 2 anos da sua última passagem pelo Brasil, a banda holandesa de symphonic metal Epica está de volta ao Brasil, divulgando o seu novo álbum “The Quantum Enigma“, o sexto de sua carreira. A banda passa pela América do Sul em março, e os ingressos já estão à venda.

O Rock de Verdade entrevistou o guitarrista e fundador da banda, Mark Jansen, que contou sobre a turnê, o novo álbum, e algumas curiosidades.

RDV: Como foi o processo de criação do novo álbum?

Mark Jansen: Nós mudamos muito em comparação ao álbum anterior, “Requiem for the Indifferent“, então o processo de criação foi bem diferente do que estávamos acostumados. A diferença maior foi que trabalhamos com um novo produtor e ele teve um jeito diferente de trabalhar, conversou conosco e aceitamos, trabalhamos como um time, fez com que trabalhássemos nas partes de cada um, todos sentassem juntos como uma banda, e funcionou muito bem porque assim conseguimos resolver cada detalhe e ter certeza de que seria algo para a vida. A ideia do novo álbum contém várias músicas muito boas de serem tocadas ao vivo. A outra mudança é o novo mixer, então um novo cara mixou o álbum. E, no geral, eu estou muito feliz com a maneira com que trabalhamos neste álbum.

RDV: Na sua visão como banda, o “The Quantum Enigma” está tendo boa aceitação pelo público?

Mark Jansen: Sim, nós tivemos boas resenhas em revistas e os fãs também realmente gostaram do álbum. Claro, em todo álbum existem pessoas que amam e pessoas que não gostam, mas nesse álbum, felizmente, as pessoas que não gostaram são uma porção bem pequena e as pessoas que gostaram realmente amaram. Nós reparamos que nas últimas duas turnês mais fãs compareceram aos shows, então eu acho que dessa vez não há tanta controvérsia entre pessoas que gostaram e as que não gostaram, o que nos deixa muito feliz, com certeza.

RDV: Como a banda vê os fãs brasileiros?

Mark Jansen: Muito apaixonados, cantam muito junto com a nossa música, selvagem (risos), e é disso que a gente gosta. Quanto mais energia a gente recebe do público, mais energia nós conseguimos retribuir. Então, o Brasil sempre foi um dos melhores lugares para nós fazermos shows.

 

RDV: Qual sua expectativa em tocar no Brasil?

Mark Jansen: Eu sempre vou sem expectativas, porque quando você espera por algo, as coisas podem acontecer diferentes e você pode se desapontar. Mas eu espero por muitas pessoas indo aos nossos shows, mais do que da vez anterior, seria um passo à frente para nós e para todo mundo que está trabalhando duro nisso.

 

RDV: Como é estar em turnê com o Dragonforce? Vocês já estiveram em turnê anteriormente?

Mark Jansen: Não, nós nunca estivemos em turnê antes, foi agora na Europa que fizemos duas turnês juntos. Agora nós os conhecemos, eles são pessoas bem legais, bem amigáveis, mesmo que na maior parte do tempo eles gostem de beber bastante (risos). Agora eu conheço os caras melhor depois de duas turnês, eles se dão 100% no palco, o que é algo que eu realmente aprecio, e foi por isso que nós pedimos para que eles se juntassem a nós para esta turnê no Brasil.

 

RDV: Eu vejo que o Epica tem muitos videoclipes, e como é gravá-los? Você gosta? Qual o seu preferido?

Mark Jansen: Particularmente, não é minha parte preferida gravar videoclipes, você tem que filmar e depois esperar bastante. Então eu sempre levo alguns livros comigo, ou eu faço algumas outras coisas, pelo menos eu mato um pouco do tempo. Mas é algo que tem que ser feito, quando se tem o resultado eu fico muito feliz com o que nós fizemos, mas trabalhar com isso não é minha parte favorita (risos). Meu video preferido é “Storm the Sorrow“, é um dos que eu mais gostei, “Victims of Contingency” também é bem legal.

RDV: Eu percebi que você gosta de aplicar seu conhecimento em várias áreas em suas criações na música. Você gostaria de falar um pouco mais sobre isso?

Mark Jansen: Particularmente, eu gosto de ler, gosto de descobrir, gosto de saber mais sobre experimentos científicos. Eu estudei psicologia, mas, além disso, eu leio muito sobre a ciência, física quântica, eu sempre amei muito história. Então, combinar essas coisas é bem legal, é legal usar o conhecimento que você tem no seu trabalho. Assim, a ideia sobre o “The Quantum Enigma” é a física quântica, os experimentos famosos, o experimento da dupla fenda, e nesse experimento é quando você junta pequenas partículas e você tenta investigar, observar pequenas partes que se influenciam e influenciam na maneira como você se comporta, e isso é muito fascinante. Quando eu leio sobre isso, eu penso que eu deveria escrever isso no Epica, porque tem muitas pessoas que não estão interessadas nesse assunto porque ainda não o conhecem, talvez porque física quântica parece ser muito difícil de entender, e é, mas ainda assim existem assuntos mais leves na física quântica, e é muito interessante quando você fala assim sobre isso, você consegue pessoas interessadas, e por essa razão que nós escrevemos sobre esses assuntos.

 

RDV: Então, o que mais te inspira quando você está compondo?

Mark Jansen: Essa é uma das perguntas mais difíceis que você pode fazer para um músico, porque primeiro você tem que responder a pergunta “de onde vem a inspiração?”, e é uma pergunta que você não pode responder, porque eu acho que ninguém realmente sabe de onde vem, a única coisa que você pode dizer é quando, por exemplo, se está caminhando na natureza e se sente inspirado pela beleza da natureza, e isso te inspira a escrever uma música, mas não é exatamente a natureza que te faz escrever uma música ou algo assim. É tudo energia que vem de dentro de você, por alguma razão você sente para qual direção deve seguir, mas ninguém sabe como criar essa energia dentro de você. No passado, eu não era tão bom ao escrever uma música, eu continuava a tentar, e depois de um dia de trabalho você poderia jogar tudo fora, porque não era bom o suficiente. Atualmente, eu só sento para escrever uma música quando eu tenho inspiração para isso.

RDV: Se você pudesse escolher qualquer lugar para tocar, onde seria?

Mark Jansen: Talvez Nova Zelândia. Porque nós ainda não tocamos lá, e eu ouvi que é um país muito bonito, com grandes montanhas e com uma natureza linda. Seria melhor ainda tocar em um festival no meio da natureza, para ver todas essas montanhas de fundo, isso dá algo a mais especial para o show, sentir a energia extra.

 

RDV: Você tocaria em um templo maia?

Mark Jansen: Eu só tocaria lá se eu tivesse a certeza de que não estaria insultando os maias, porque eu posso imaginar que talvez pudesse não ser apreciado. É como dizer se eu tocaria em uma igreja. Tem várias igrejas antigas que funcionam como templos, mas se eu fosse tocar, por exemplo, em uma igreja que ainda está em uso, eu acho que as pessoas ficariam muito insultadas com um show de metal acontecendo na igreja. Então, é com essas coisas que devemos sempre ser cuidadosos, é importante respeitar todo mundo.

 

RDV: Considerando o fato que você viaja por muitos países, quantas línguas você fala?

Mark Jansen: Eu falo holandês, alemão, inglês, limburgo – que é uma língua da minha província, onde nasci. Eu falo um pouco de italiano, eu sei algumas poucas palavras em português, espanhol, como “nosotros estamos perdidos” (risos). Por exemplo, eu lembro de umas frases simples como “eu amo o Brasil“, esse tipo de coisa eu sei, quando as pessoas falam, eu entendo um pouco do que falam em português, mas não muito.

 

RDV: Você gosta de tocar covers? Qual música você gostaria de fazer um cover?

Mark Jansen: Nós fizemos algumas vezes com o Epica, um cover do Fear Factory (Replica), um do Death (Crystal Mountain), e é legal fazer covers às vezes, apenas se você realmente gosta. Um cover que eu gostaria muito de fazer, do Megadeth, o Nightwish fez. Então, eles roubaram minha ideia inconscientemente (risos).

RDV: Como é estar na frente de uma das maiores bandas de symphonic metal da atualidade, considerando que o Epica tem metade do tempo de vida que outras bandas maiores, que são mais velhas e têm mais fãs? Como você se sente com isso?

Mark Jansen: Primeiramente, eu estou muito orgulhoso, nós continuamos a crescer, não é o fim do potencial que temos. O suporte dos nossos fãs leais, que seguem nossas corridas desde o começo, nós ficamos muito felizes com essa base tão grande de fãs. Então, nós estamos orgulhosos, e orgulhosos dos nossos fãs também, que têm nos apoiado por tantos anos.

 

RDV: Eu sei que você é um grande fã de Iron Maiden, não é? Você já os assistiu ao vivo? Como você se sentiu?

Mark Jansen: Sim, eu amo Iron Maiden. Ah sim, muitas vezes. Toda vez é legal, mas é mais legal com o vocalista atual, porque eu também já assisti com o vocalista anterior, Blaze Bayley, eu gosto desse cara, é um bom cantor, gosto dos seus trabalhos solos, mas com o Iron Maiden não funcionou tão bem para mim. Então eu fico muito feliz que o Bruce Dickinson esteja de volta agora, porque Iron Maiden pra mim é com Bruce Dickinson. É a perfeita combinação, sempre que eu os vejo, Bruce Dickinson ainda tem muita energia, e eu gosto muito disso, continua passando muita paixão, e isso é muito bom.

 

RDV: Você tem uma vida saudável – como praticar esportes e ter uma boa alimentação – ou você não se importa com isso?

Mark Jansen: Eu devo dizer que eu sou bem saudável, eu pratico muitos esportes, ciclismo, corrida, academia, natação, eu gosto muito de praticar esportes quando tenho tempo livre. Os resultados [dos esportes] me deixam bem saudável, eu tenho uma boa capacidade pulmonar, eu tenho bons resultados numéricos, como de pessoas que praticam mesmo esportes. Podemos considerar também o Epica como um esporte (risos).

RDV: Eu assisti algumas entrevistas suas, nas quais você disse que sua mãe não entendia seu trabalho com a música, como você ganhava dinheiro com isso. Agora ela entende como isso acontece?

Mark Jansen: Sim (risos). Foi só no começo, quando eu ainda estava na faculdade, eu ainda estava montando a banda, ela disse que música provavelmente não iria dar certo, porque era melhor que eu me focasse nos estudos, e então eu disse que pensava que ela estava errada, acho que foi a única vez que ela implicou. Agora ela está bem orgulhosa e sabe que eu estava certo, mas eu acho que é muito importante que todos sigam seus corações. Quando você pode seguir seu coração, eu penso que as coisas funcionam, contanto que você ame o que faça.

 

RDV: Você gostaria de falar alguma coisa para seus fãs e nossos leitores?

Mark Jansen: Sim, eu gostaria de dizer que eu mal posso esperar para ir ao Brasil, e finalmente nós iremos voltar, porque já fazia um tempo, e eu realmente estou esperando uma plateia selvagem, e as pessoas cantando conosco, pulando, gritando, tudo! Espero que os shows sejam encantadores.

 

RDV:Então Mark, obrigada pela entrevista, foi um prazer falar com você! Boa noite, tchau!

Mark Jansen: De nada, boa noite para você também, tchau!

Barbara Lopes

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