Sábado, dia 2 de Julho de 2016, depois de 24 anos de existência, estava este que vos fala sentado no ônibus indo em direção ao Audio Club para fazer a cobertura do renomado Honorsounds Festival em São Paulo. Antes mesmo de estar sentado naquele ônibus, meses atrás, quando eu vi o primeiro flyer on-line do evento e que estampava com letras grandes a atração principal: Suicidal Tendencies, com participação especial de Dave Lombardo! Eu já sabia que o show seria sensacional e que a noite desse fatídico sábado não passaria em vão pela minha vida.
Voltando ao ônibus… Enquanto eu estava sentado, eu sentia que essa noite era especial, porque o Suicidal Tendencies foi A banda que me colocou de vez no mundo do rock! Nunca vou me esquecer daquele domingo de manhã, a muitos anos atrás (mais de uma década para ser sincero), uma programação despretensiosa da falecida MTV, com clipes aleatórios, eu estava sentado no sofá da sala quando o vídeo da música “Nobody Hears” entrou a minha vida, para nunca mais sair.
Chegando na casa de show, passei pelo credenciamento e percebi que a noite aguardava muito mais surpresas do que apenas a apresentação de Mike Muir e sua gangue, o festival contava com um cartel excepcional: para abrir os trabalhos o grupo Tolerância Zero; seguido pela banda do renomado chef Fogaça, Oitão; em seguida a lenda Ratos de Porão celebrando os 25 anos do disco Anarkophobia.
Máquina preparada e foi dada a largada!
A primeira banda a subir ao palco viu a casa enchendo e foi responsável para dar o tom de como seria o festival: PANCADA! Com muito peso na parte instrumental, o grupo Tolerância Zero com seus mais de 10 anos de estrada vem fazendo história e arrasta sua legião de fãs seja onde for. Com letras contestadoras e que faziam o público gritar e cantar a plenos pulmões, o grupo agitou e esquentou os fãs.
Com um som que mescla o rock pesado com uma batida voltada para as ruas, as letras em português atraem e representam a vida cotidiana dos brasileiros, provando que existe sim som de qualidade em português.
O grupo seguinte a subir ao palco foi o Oitão, que tem como referência nos vocais o chef de cozinha Henrique Fogaça. Formado em 2008, a banda vem literalmente chutando a cara de todo mundo com seu som cru, bruto e sem papas na língua, mostrando ser mais um grande representante dessa nova escola de bandas brasileiras que destroem tudo por onde passam.
Mantendo a mesma linha do Tolerância Zero, o grupo convocou os fãs para agitarem a cada nova música que se iniciava. Público que a essa altura já se apertava para conseguir um espaço na pista, lotada e que se transformava em um verdadeiro caos a cada novo bate cabeça.
Ao final da apresentação foi anunciado o vencedor da campanha Corrida Contra Fome, feita pelos organizadores para arrecadar alimentos para a Casa André Luiz, onde aquele que fizesse a maior doação iria ganhar um encontro com a atração principal da noite.
Quando João Gordo subiu ao palco com o Ratos de Porão, o público entrou em fervor, era hora de ouvir o disco Anarkophobia na íntegra! Faixa atrás de faixa a banda ainda mesclou músicas do disco Brasil. Um show definitivamente histórico, onde todos puderam cantar e se divertir ao som de clássicos como: “Aids, Pop, Repressão“, “Amazônia Nunca Mais“, “Contando os Mortos“, “Sofrer” e obviamente “Anarkophonia“.
Ao final da apresentação todos os fãs já sabiam que em questão de instantes Mike Muir estaria correndo pelo palco ao estilo Cyco destilando suas letras ácidas e o instrumental funkeado que o grupo sabe fazer.
Os famosos Cycos não tinham como fazer uma apresentação melhor! Após o anúncio e o enorme coro pedindo “ST!” o riff inicial de “You Can’t Bring Me Down” anunciava a entrada da banda, a todo vapor, os músicos corriam de uma lado para o outro de forma insana. Foi questão de alguns minutos para a divisória da pista normal para a pista VIP virar apenas uma questão burocrática, com invasões a todo instante e o som contestador ao fundo, ninguém segurava mais nada!
Os clássicos vinham um atrás do outro: “Go’n Breakdown“, “Trip At The Brain“, “War Inside My Head“… Mais do que qualquer outro show, era possível sentir a energia que fluía entre a banda e os fãs, a diversão que corria pelos bate cabeças que se formavam a todo instante e pelos gritos de êxtase e felicidade dos presentes.
Obviamente a participação do ex baterista do Slayer não poderia passar em branco, Dave Lombardo foi aquela cereja no topo do bolo! Com viradas espetaculares e levadas especiais, Dave deu o toque especial e que fez toda a diferença para dar um brilho a mais nos clássicos dos pais do crossover.
Outro momento que com certeza merece ser citado, foi a mega invasão de palco nas músicas “Possessed to Skate” e “I Saw Your Mommy“. Muir, como de costume, convidou os fãs para subirem ao palco e a pouca ordem que ainda havia, foi de vez pelo ralo quando um mar de pessoas começaram a pular tudo e todos que estevam entre o palco e as pessoas.
Nos momentos finais, o bis para fechar a noite quando já passava da meia noite e meia, o super clássico “Institutionalized” foi cantado a plenos pulmões pela casa lotada, com punhos no ar e gritos de felicidade, para fechar a noite com chave de ouro.
Setlist:
1 – You Can’t Bring Me Down
2 – Two Sided Politics
3 – Go’n Breakdown
4 – Trip At The Brain
5 – Freedumb
6 – War Inside My Head
7 – Subliminal
8 – Send Me Your Money
9 – Who’s Afraid?
10 – Possessed To Skate
11 – I Saw Your Mommy
12 – Cyco Vision
13 – How Will I Laugh Tomorrow?
14 – Pledge Your Allegiance
15 – I Want More
16 – Institutionalized
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Showzão!