Iron Maiden: misticismo maia em apresentação do novo álbum, “The Book of Souls”

Date:

A noite paulistana do dia 26 de março foi intensa, com envolvimento e entusiasmo. Pelos arredores do Allianz Parque já podia ser vista uma população trajando camisetas, em seus 80%, do Iron Maiden. A noite também aguardava ainda duas outras atrações: a banda do filho do icônico Steve Harris, comandada por George Harris, The Raven Age,  além um dos participantes do Big 4, os norte americanos do Anthrax.

Ainda estava claro, e o estádio não parava de encher de camisetas, em sua maioria, pretas. Alguns clássicos do rock n’ roll tocavam no aquecimento para a primeira banda. A última música antes da primeira banda entrar foi o clássico Iron Man, cantada em coro indefectível pelo público.

Por volta as 19h, com algumas pessoas ainda chegando, o The Raven Age subiu ao palco. O baterista Jai Patel estava muito animado, e trajava uma camiseta da seleção brasileira. Interagia com o público de maneira receptiva. A banda segurou a responsabilidade de abrir para o Iron Maiden, animando a galera em algumas músicas – mesmo que a sonoridade fosse um pouco diferente das bandas que seguiriam. Tocaram com intensidade, aproveitando a oportunidade e o espaço, com bastante interação do vocalista Michael Burrough. Emendavam as músicas e chamavam por São Paulo.

A intro de Eye Among the Blind foi a mais pesada, agradando bastante o público. E quase ao final do show, Burrough diz um “you guys: incredible!” expressando o nítido sentimento da banda em relação à situação.

Arrebatadora abertura de Anthrax

A ansiedade já estava em níveis altos – já podia ser reparada ao fim do The Raven Age. A euforia ficou nítida quando o gigante pôster, fundo do palco, subiu, prenunciando os norte americanos.

Por volta das dez para as oito da noite, o Anthrax sobe ao palco. Entraram pelas laterais, enérgicos, e sedentos pelo público. O baixista Frank Bello fazia headbangings de curvar o tronco. O mítico Joey Belladonna entra correndo no palco e não para durante a primeira música, com uma vibração incrível.

Durante a apresentação, o vocalista comenta que ama São Paulo, e lamenta por ser o último show deles na turnê com o Iron Maiden. Bello fez os backings em diversas músicas e não parou com os headbangings com as longas madeixas.

Scott Ian assume o microfone e agradece ao Iron Maiden e à plateia, faz uma breve divulgação do novo álbum, “For All Kings”, e pergunta se amam thrash – e logo introduz a Evil Twin, com pedais profundos e nítidos.

O Belladonna é um show à parte durante a apresentação inteira, de longe é o mais simpático e interativo, ameaçando stage divings e pedindo moshs – junto com o guitarrista Jonathan Donais, seguindo os passos do vocalista.

Anthrax faz uma performance impecável, sem erros perceptíveis, musical e tecnicamente, com vocais agudos e impressionantes de Belladonna, mostrando que ainda é o frontman do Anthrax. Medusa foi introduzida como um hit do “Spreading the Disease”, de 1985 – a plateia estava tão empolgada quanto a banda ao anunciar.

Eis que Andreas Kisser surge, juntamente com a intro de Refuse/Resist, do Sepultura, o que levou o público ao delírio, e o estádio foi ao chão – era possível ouvir a letra sendo previamente cantada. O brasileiro entrou para tocar Indians, e pediu moshs para a galera.

Ainda que com uma setlist pequena, foi um show destruidor e intenso, abrindo muito bem palco para os ingleses.

 

Oleeee ole ole oleee, Maiden, Maiden…

Podemos dizer que o show se iniciou com Doctor Doctor, música que estava na setlist de aquecimento, pós Anthrax. Então, um vídeo com temática de selva maia aparece no telão, com o Ed Force One entre a vegetação – enquanto isso, o palco já previamente montado recebia os últimos ajustes e tinha suas estruturas descobertas. Durante o vídeo, a mão do Eddie lança o Ed Force One, iniciando assim a apresentação: um palco todo detalhado, remetendo à estrutura de templo maia, com a presença de uma espécie de gelo seco e tochas de fogo, e Bruce Dickinson trajando um casaco com capuz, em uma atmosfera que aludia a um ritual, com o primeiro play de “The Book of Souls”:  If Eternity Should Fail.

Assim, os lordes da donzela de ferro aparecem em excelente forma, com muita simpatia. Janick Gers – vestindo uma camiseta da própria turnê – pulava, esticava a perna no cenário e fazia dancinhas. Harris “metralhava” todos com seu inconfundível jeito de manusear o baixo.

Logo, a sequência se deu por Speed of Light, com o clipe da música sendo reproduzido no telão. Os fundos do cenário eram trocados a cada música, em um estilo cortina. A banda escolheu o Templo de Kukulcán (El Castillo), pertencente ao Chichén Itzá, localizado no México, para retratar alguns desses “banners” (e até em um modelo da camiseta oficial!) e condizer ainda mais com a temática proposta.

Bruce conversa um pouco, dizendo que era o último show no Brasil, e guardaram o melhor para São Paulo. E que estavam presentes  por volta de 40 mil pessoas naquele estádio, naquela noite. E assim, a melódica Children of the Damned é iniciada. Bruce consegue levá-la bem, assim como todas as músicas. Cabe ressaltar que o vocalista foi diagnosticado com câncer ano passado, e conseguiu lutar contra a doença.

Seguidos por outra faixa do álbum em turnê, Tears of a Clown mereceu um fundo com três cartas de baralho estampadas, sendo uma delas um próprio joker.  The Red and the Black seguiu com alguns coros, e logo depois a estarrecedora The Trooper – mais uma vez, o fundo com o Eddie trajado de soldado inglês estampado denunciou. Logo, Dickinson aparece vestido com a farda e uma enorme bandeira; a galera vai à loucura, e o refrão é cantado pelo estádio todo. Na realidade, são duas bandeiras, e o vocalista vai até perto do público durante o solo, além de colocá-la sobre Gers enquanto toca.

Powerslave é arrebatadora também, com Bruce vestindo uma espécie de cota de malha e uma máscara fechada, estilo lutador mexicano. Death or Glory apresenta backing vocals de Steve Harris, que perambula pelo palco em boa parte do show. Nesta música, ainda, aconteceu uma confusão na plateia – alguém aparentemente perdeu um calçado. Prosseguiremos.

Além de dançar, Janick rodopiava ou movimentava o cabo da guitarra em um estilo “cobrinha”; Dave Murray com o cabelo ligeiramente mais curto, simpático com a plateia e concentrado em seus solos, sem abrir mão do icástico sorriso; Adrian Smith mais sério, sem deixar de lado a técnica e a habilidade; e Nicko McBrain mandando ver, com a bateria localizada em um recuo na estrutura do palco, sobre um pedestal baixo simulando escadas (com sangue jorrado, no melhor estilo ritual de templo maia), e sem se desligar do inseparável ventilador – tinha uma expressão de êxito durante o show inteiro.

Na faixa que nomeia o álbum, o esperado Mr. Eddie The Head surge no palco, para delírio (e celulares!) dos fãs. É um Eddie que se movimenta de maneira mais realista, até lembrando alguém sobre pernas de pau. Lindo, está como a capa do álbum, e com um machado na mão. Interage com Gers, Murray e especialmente Dickinson, o qual quando o derrota, joga seu coração ensanguentado para a galera – e um felizardo bem próximo a mim o consegue.  A música ainda conta com um show de pirotecnia.

Era possível ver o suor dos integrantes pingando – mesmo com munhequeiras.

Em Hallowed Be Thy Name, o frontman surge com uma corda no estilo enforcamento, em uma atmosfera mais sombria, e a usa para interferir nos pratos de McBrain – e é religiosamente cantada pelos fãs. A soturna Fear of the Dark encheu o Allianz de luzes (de celular, claro, ainda que pudessem ser vistos um ou outro isqueiro), e seria à cappella caso não existisse a banda ali, e fecharam a primeira parte do show com a enérgica Iron Maiden, e o busto gigante do Eddie surge.

O encore veio com o clássico The Number of the Beast, e uma enorme besta (com olhar profundo!) no canto do palco, para completar ainda mais toda aquela euforia.  A balada Blood Brothers tomou a vez, e os ingleses (já com um leve cansaço aparente) fecharam com Wasted Years – a estrutura de mandala no “teto” desceu e mostrou a imagem do Eddie, com luzes acesas ao seu redor, e tótens com os rostos dos integrantes foram destacados do cenário por um pela luz vermelha que era emitida de seus olhos.

Um espetáculo à parte: não só por executarem shows por tantos anos, mas por toda a estrutura e detalhes, a intensidade que é estar em um show do Iron Maiden – a emoção, o fascínio pelo gigante Eddie passeando pelo palco e interagindo com os integrantes, e os fãs de Iron Maiden. Ah, os fervorosos fãs de Iron Maiden

 

Setlists

The Raven Age

Uprising

Promised Land

The Death March

Eye Among the Blind

The Merciful One

Salem’s Fate

Angel in Disgrace

 

Anthrax

Caught in a Mosh

Got the time (Joe Jackson cover)

Antisocial (Trust cover)

Fight ‘Em ‘Til You Can’t

Evil Twin

Medusa

Breathing Lightning

Refuse/Resist (Sepultura snippet)

Indians (with Andreas Kisser)

 

 

Iron Maiden

Doctor Doctor (UFO cover)

If Eternity Should Fail

Speed of Light

Children of the Damned

Tears of a Clown

The Red and the Black

The Trooper

Powerslave

Death or Glory

The Book of Souls

Hallowed Be Thy Name

Fear of the Dark

Iron Maiden

The Number of the Beast

Blood Brothers

Wasted Years

 

 

 

Compartilhar postagem:

Se inscrever

Popular

Matérias Relacionadas
Matérias Relacionadas

Within Temptation lança o esperado single “Wireless”

O mais recente single do Within Temptation, "Wireless", marca...

Slipknot pode fazer maratona de shows tocando todos seus discos na íntegra

O percussionista Shawn "Clown" Crahan falou sobre o futuro...

Queens of the Stone Age lança videoclipe para “Emotion Sickness”

A lendária banda de rock alternativo, Queens of the...