O Rock de Verdade conversou com o guitarrista mais novo – literalmente – do Judas Priest, Richie Faulkner. Após trabalhos em bandas como Dirty Deeds, Voodoo Six, Ace Mafia e Lauren Harris, o inglês se juntou ao Priest em 2011. Com carisma, presença de palco e personalidade, o jovem Faulkner tem garantido seu espaço em uma das maiores bandas de heavy metal da história.
[Rock de Verdade] Halford disse uma vez que você quem salvou o Judas Priest. Como é essa sensação?
[Richie Faulkner] Existem quatro irmãos no Judas Priest, nós somos apaixonados pelo que fazemos. Então, eu penso que sempre que alguém novo entra em um emprego, um time, ou o que quer que seja que se adeque em um grupo, é a vez deste mudar, e é isso que eles têm feito por 40 anos. E eu acredito que o melhor acontece quando estão apaixonados pelo que eles são, pelo que eles fazem. Eu estou bem feliz em fazer parte disso.
[RDV] Judas Priest nasceu em 1969 e você em 1980. Como é tocar em uma banda mais velha que você?
[RF] Da mesma forma que somos todos parecidos como um grupo, nós somos muito diferentes. De alguma forma nós somos bem próximos e similares, o que torna isso ainda mais interessante. Nós gostamos das mesmas coisas, e conversamos sobre música, o mundo, e como nós vemos coisas e coisas. Nós somos bem diferentes em algumas outras coisas também, então podemos aprender muito com eles, são diferentes experiências, diferentes histórias, diferentes visões, e por isso que funciona tão bem.
[RDV] Você costumava escutar eles quando era mais novo?
[RF] Sim, claro! Em Londres, eu tocava em algumas bandas covers, e no começo nós queremos reproduzir o que aprendemos, como Sabbath e Maiden. Você escuta esses caras e quer ter uma música legal, quer tocar guitarra e acaba tocando uns covers. E existem músicas que seguem isso, como “You’ve Got Another Thing Comin“, “Breaking the Law” e “Living After Midnight“. Na verdade, uma banda cover funciona procurando um vestígio de imagem, então não apenas o Priest, mas a cena do heavy metal, a estrutura, tudo vem antes. Então, eu estou bem adepto à banda.
[RDV] O que os fãs podem esperar do novo DVD, “Battle Cry“?
[RF] Muitas faixas que não tocamos há muito tempo, então é um outro ponto de vista, completo para quem está esperando por um lançamento do Priest, um DVD grande, um vídeo grande, um “uhuu agora o Priest representa musicalmente”. E então, o que você pode esperar do DVD “Battle Cry” é que não tínhamos feito algo tão grande anteriormente, como a inclusão de novas faixas do último álbum, como “Dragonaut”, “Halls of Valhalla“, “The Redeemer of Souls“, além de gravações bônus. É uma grande compilação de materiais lançados, que os fãs poderiam gostar – faixas como “You’ve Another Thing Comin’“, “Battle Cry”, “Painkiller” -, além da performance especial, novas coisas, produção pesada. É uma boa produção, com uma boa equipe produtora, matador como um show típico do Judas Priest, e é algo inesperado por nós, dependendo do ponto de vista. Na maioria das vezes nós estamos no palco, com uma equipe produtora ao nosso lado que possibilita o fantástico típico show do Judas Priest – para nós funciona tão bem como um DVD. É um jeito de conferir o Judas Priest em ação também.
[RDV] Depois de todos esses anos, o que mantém a banda na estrada?
[RF] A paixão que a banda tem. Não seria possível sem ter a paixão que temos, após 40 anos, nós podemos confirmar plenamente o topo da fama. E nós continuamos muito honrados com essa fama, depois de 40 anos com um ótimo time. Eu acho que um Kenneth jovem estaria apaixonado pelo que nós fazemos, isso é libertador, é o segredo por estar na estrada por 40 anos. É o que te inspira, uma vez que você está na banda e regularmente em turnês, as turnês excessos, o que inspira você ir para o estúdio e gravar novas músicas, lançar elas nas estradas, além de tocar os clássicos, vimos na turnê do “Redeemer of Souls” – os fãs acompanham as músicas, têm uma participação irada. Assim, você vê como isso acontece, nós vemos como os fãs acompanham e mantêm a paixão. Eu sinceramente espero que isso continue por muito tempo.
[RDV] Graças ao Judas (e principalmente ao Halford), os headbangers têm uma maneira “peculiar” de se vestir, com couro e tachas. O que você pensa a respeito disso?
[RF] É um fenômeno da imagem do Judas Priest. Eu penso que isso combina muito bem com o couro e tachas. É um tipo de relação de representação visual do rock, a música e a imagem. O grande “Hell Bent for Leather” trouxe tachas e motos no palco, e é também uma espécie de revolução na personalidade das pessoas – inclui também os quepes misturados com os itens de couro. E tudo vem daí, você consegue atingir o individual e o coletivo. Foi uma época bem criativa e expressiva, uma situação que beneficiou o aparecimento de novas ideias, com representação, não era só roupa de performance – o que leva a um fenômeno no heavy metal, com couro e tachas. De qualquer forma, vem de indivíduos, em uma parte “seleta” do tempo, o que levou o álbum a não só expandir musicalmente, mas também a questão de um estilo, da representação individual.
[RDV] Como as roupas de palco são produzidas e escolhidas?
[RF] Nós planejamos as roupas de palco antes da turnê, e elas são criadas com um excesso de personalidade, sendo roupas individuais. Eu entrei na banda, e tive roupas criadas para o processo de “familiarização” com a banda, representado pelas roupas de couro, além da essência pessoal que é adaptada e representada na criação das roupas. E isso muda de turnê em turnê, o que é muito bom, é como uma evolução, envolve a energia pessoal do grupo. Quando você veste as roupas de palco durante as turnês você se sente como um superheroi, é como uma fantasia. É uma roupa icônica do heavy metal, isso definitivamente muda você, a principal característica é o poder, é definitivamente fazer parte do Judas Priest.
[RDV] Como a banda vê os fãs brasileiros?
[RF] Cada país tem seus fãs loucos. Nós vimos caras totalmente apaixonados em Londres, depois estivemos na Itália, e eles são loucos em suas maneiras. Fomos para a América do Sul, nós tocamos no Brasil e na Argentina e os fãs são realmente loucos. Nós gostamos do Brasil, as pessoas são como fogos de artifício, a galera, a galera enorme, as pessoas te levam para outro nível, uma loucura definitivamente. Podemos ver a grande paixão que têm pelo heavy metal em geral. O Brasil tem o tipo de país, o tipo de pessoa… Sabem que são apaixonados, e definitivamente sentimos que o Brasil vai a baixo quando tocamos, então podemos provar uma ótima experiência. Qualquer pessoa que viva no mundo deve ir lá e tocar, é um desafio especial, com as características especiais do Brasil.
[RDV] Você gostaria de deixar uma mensagem especial para os fãs brasileiros?
[RF] Claro! Eu gostaria de agradecer pessoalmente pelo apoio, e sinceramente estou honrado em como o público ainda cresce nesses 40 anos de carreira da banda, nós nos sentimos muito gratos por isso – pela banda e particularmente -, e esperamos vê-los de novo no futuro. Tudo o que devem fazer é aguentar um pouco!