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Pennywise, Face to Face e Garage Fuzz juntos na Califórnia brasileira

Sim! Nós somos a Califórnia brasileira.

Essa era a afirmação que muitos de nós, assim como eu, que beira ou já passou dos 40, falávamos pelos quatro cantos do Brasil e fora dele sobre a cidade de Santos nos anos 90, anos dourados do chamado Hardcore Melódico Californiano, pois a maioria das bandas eram de lá e Santos vivia e respirava essa atmosfera vivida na região. A maioria de nós gravávamos fitas na sound of fish e as carregava em nossas mochilas junto com nossos “walkmans” pra onde íamos, isso inclui os vários shows de bandas do cenário nacional e internacional. Tivemos o orgulho de assistir ainda, nos anos 90, muitas bandas desta safra do hardcore melódico. Cito aqui duas das mais principais na época: o NOFX em 1997 e o BAD RELIGION em 1999 no inesquecível show da noite do apagão.

Essa afirmação voltou a ser exclamada em alto e bom som no Santos Hard Core Festival domingo dia 8 de novembro de 2015, na casa de shows Capital Disco em Santos. Uma noite épica que com certeza já entrou pra história da cena underground da cidade e principalmente pra história pessoal de muitos que esperaram 25 anos para realizar um sonho: assistir um show com uma das 3 bandas mais ouvidas naqueles gloriosos anos.  Nada menos do que GARAGE FUZZ, a banda mais importante ou a melhor da cena underground brasileira e que é da cidade de Santos, Face to Face e Pennywise dos Estados Unidos, pra ser mais preciso direto da Califórinia, estas duas, sendo uma das mais ouvidas ao redor do planeta em 1994 e 1995. Nesta época, muitos de nós não tínhamos mais de 23 anos e víamos as músicas destas três bandas como hinos diários a serem escutados. Tive a oportunidade assistir o PENNYWISE com o BAD RELIGION e o DEAD FISH em 2005 no Anhembi e o FACE TO FACE em 2009 na mesma Capital disco, mas esperava ansiosamente por este show do PENNYWISE com o FACE TO FACE aqui no quintal de casa e ainda mais com os “Local Brothers” do GARAGE FUZZ.

A noite épica que estou aqui humildemente fazendo meu relato e que nunca será esquecida, começou com os “local Brothers” do GARAGE FUZZ abrindo a noite com seu já conhecido e apreciado show enérgico lançando o seu oitavo álbum, intitulado de “FAST RELIEF”. A banda santista começou com uma série de músicas novas deste álbum, musicas estas que como sempre são cheias de melodias e super bem produzidas que empolgam qualquer pessoa que admira um bom e velho Rock. Mostrando mais uma vez que, quanto mais experientes os músicos ficam, mais coisas boas compartilham conosco.  E assim seguiram o show mesclando sucessos já consagrados dos álbuns anteriores como “Relax on your favorite chair”, “Turn the page…” e “The Morning Walking”.

Como sempre foi um ótimo show da GARAGE FUZZ que, como sempre, tem todo empenho e energia dos integrantes entregue ao público.  Sempre é muito bom ver estes caras tocando ao vivo e, em particular, o baterista Daniel Dantas que sempre faz um bom barulho na bateria com toda sua técnica e vitalidade. E isso era só o começo…

A histórica noite quente do dia oito de novembro seguiu com os californianos do FACE TO FACE que nos fez o favor de montar um “setlist” baseado nos três primeiros álbuns da mesma com: “Don’t Turn Away”, “Big Choice” e o homônimo “Face to Face”. Essa era a segunda vez da banda aqui em Santos, muitos de nós tivemos a oportunidade de ver um show deles a sete anos atrás e a intimidade da banda com o público era nítida. O vocalista Trever Keith chegou a dialogar com a galera a respeito disto, dizendo que essa era a segunda vez que estavam ali e que foi um longo tempo até nos vermos mais uma vez, sempre  elogiando o público e mais uma vez afirmando que Santos realmente é a Califórnia brasileira.

O FACE TO FACE, na minha humilde opinião, foi o mais importante pra mim e pra muitos, isso inclui as centenas de mulheres que compareceram ao show e cantavam em alto e bom som cada música que era tocada durante o show. Foi o momento em que eu senti o nível da minha emoção aflorar mais forte e intenso em meu ser, foi praticamente impossível deixar algumas lágrimas escorrer dos olhos, disfarçada de suor em meu semblante e no de muitos que ali estavam vendo a banda pela primeira vez e que esperaram 25 anos por aquele tão sonhado e aguardado momento. E pra nossa felicidade, ainda não era o fim, pois ainda tinha mais uma banda a se apresentar e essa banda era nada mais, nada menos do que a PENNYWISE pra encerrar essa noite épica da Califórnia brasileira.

Os caras do PENNYWISE subiram ao palco por volta das 22:30 da noite, já com a galera tomada pelo êxtase. A energia e os sentimentos aflorados pelos shows das duas primeiras bandas, e mantiveram o nível de sentimentos bons e alegria que, a galera que os aguardava deixava transparecer. O show começou com a banda tocando o “setlist” da turnê comemorativa de 27 anos de banda e 22 de lançamento  do albúm “Unknown Road” (1993), também conhecido por nós como “o disco azul”. A primeira música foi “Fight Till You Die” do álbum “Full Circle” de 1997 e seguiu o padrão desta mesma turnê, dando ênfase aos clássicos dos álbuns lançados nos anos 90, como “Same Old Story”, “My oun country”, “Society”, “Penny Wise” e fazendo uma homenagem a banda BAD RELIGION tocando a clássica “Do what you Want”.

A noite estava totalmente satisfatória pra minha pessoa e pra tantas outras que estavam presentes naquele momento no local do show. O show foi se encaminhando para o seu final com mais canções que variavam entre clássicas e recentes e chegou ao seu melhor momento com a versão de “stand by me”, imortalizada na voz de John Lennon e “Bro Hymn”, a música da banda mais tocada pelas bandas de hardcore brasileiras nos anos 90 e a mais ouvidas em nossos “walkmans” de quem naquela época, ia surfar, andar de skate o praticar algum outro esporte radical,  e que foi imortalizada no albúm “Full Circle” na versão ao vivo e dedicada ao primeiro baixista da banda Jason Thirsk, que infelizmente cometeu o suicídio naquela época e isso fez com que esta canção tivesse um grande significado para todos nós… Sendo assim, a canção mais cantada por todos que estavam presentes e, mais uma vez, fazendo com que muitos se emocionassem. E assim se encerrou mais uma noite inesquecível e importante pra cena underground santistas com seus grandes shows de bandas renomadas, e com certeza uma noite de realização de um sonho, que demorou 25 anos para se realizar.

Estávamos todos cansados, extasiados, embriagados, satisfeitos e muito, mas muito felizes mesmo em ter vivido aquela noite. Valeu a pena esperar por esse momento e como disse o Alexandre Sesper, vocalista da banda GARAGE FUZZ “um show desses, com estas bandas pro GARAGE FUZZ seria um sonho, pois são as bandas que nós mais ouvíamos em 1995” e com certeza, acredite “farofa”, pra muitos de nós foi um sonho, só que realizado com  exatos 25 anos de atraso.

Fotos: Yuri Antunes
Colaborador: Felipe Hänsell
Editor Chefe: Will Batera
Autor: Américo Gonçalves

Américo Gonçalves

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