Venho acompanhando há algum tempo os comentários sobre “Cobain – Montage of Heck”, documentário sobre a vida do frontman do Nirvana, Kurt Cobain. Como fã, estava ansioso para um filme decente do Kurt (assisti ao filme Últimos Dias, de Gus Van Sant, e não achei agradável), e ao ver o que Montage foi tão bem recebido – o Rotten Tomatoes, site que faz média da opinião da crítica, registrou 98% de aprovação – fiquei com mais vontade ainda de assistir.
Dirigido por Brett Morgen, produzido por Francis Cobain e cronometrando 133 minutos, o filme mostra a vida de Cobain desde seu nascimento, a partir de entrevistas com amigos e familiares e gravações caseiras. Kurt veio de uma família com problemas (cheguei a odiar seus pais por alguns minutos, apesar de entender que tudo foi por causa da imaturidade de ambos). Ele só queria uma família estável e presente, mas foi passado de casa em casa como se fosse uma roupa de segunda mão e acabou ganhando a personalidade destrutiva que conhecemos hoje.
Numa gravação de show, inclusive, dá pra sentir que a quebradeira que ele fazia no palco é muito mais que um ato para agradar fãs (como muita gente trata) e sim o jeito dele de mostrar que não ligava pra nada – nem pra si mesmo. Suicídio era um tópico recorrente em seus pensamentos desde muito cedo, e me admira que ele tenha reprimido isso por tanto tempo. É incrível ver como sua “atitude”, um reflexo de seus problemas, era tão banalizado.
Outro ponto interessante do filme é o relacionamento de Kurt com a Courtney Love. Pra muitos, ela é tão capeta quanto Yoko Ono – e por alguns minutos, vendo imagens de sessões para revistas, parece mesmo que Courtney está apenas ali para ganhar alguma coisa com a fama dele. Mas bastou uma olhada mais a fundo pra ver que isso se deve ao fato de que o casal representa muito bem aquele negócio de que os “opostos que se atraem”: Ela, cheia de vida e espontaneidade e ele, preso em seus demônios.
Cobain: Montage of Heck atendeu as minhas expectativas (que já estavam lá em Marte!) e se mostrou incrível desde o começo – a primeira música que toca no filme é a minha favorita do Nirvana, Territorial Pissings. As cenas animadas são muito bem elaboradas e o movimento dos personagens são bastante realistas. O mais legal é que aqui, ele não é visto como o cara que fez a indústria ir à loucura nos anos 90, mas como um ser humano normal, que tem espinhas e faz a barba. Afinal de contas, Kurt nunca quis ser aquela coisa gerada pela indústria da música. Ele só queria fazer música.