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Rock e preconceito

Em algum momento você já teve dificuldades de explicar o estilo musical que você curte? Sentiu-se incomodado quando as pessoas encaravam o rock/metal e suas séries de variações de estilo, como algo que ninguém ouvisse? Pois bem, isso é normal.

É normal que o rock seja desconhecido? Não, muito pelo contrário. Na verdade, é normal que as pessoas não conheçam tudo.

Antes da internet, parecia que apenas pequenos grupos gostavam de rock. Isso, durante muito tempo, fez com que os amantes do estilo achassem que a massa era predominantemente da música pop. Após a internet, percebemos que não é bem assim. As grandes massas ainda fazem parte da música pop? Claro. Mas percebemos que há também uma massa que gosta de rock. Podemos verificar isso pela quantidade de downloads de músicas, visualizações dos vídeos, curtidas, retweets, entre outros. Mas qual seria o motivo para o rock no Brasil andar a passos tão lentos?

Por que temos tantas pessoas que gostam de rock no Brasil, mas não conseguimos formar uma quantidade forte o suficiente para carimbar o estilo como um dos principais por aqui?

Existem várias teorias para isso, uma delas é a marginalização da imagem do “roqueiro” como rebelde. Aliás, no Brasil, tudo que envolve revolta, manifestos e protestos é encarado historicamente como “rebeldia”. Podem consultar nos livros de histórias, todos os eventos que deveriam ser considerados guerras civis, são citados como uma grande revolta feito por abomináveis e selvagens rebeldes. Uma vez que o “rebelde” é algo ruim, as pessoas automaticamente têm medo dos “roqueiros”, pois eles se vestem diferente, andam diferente e se comportam diferente. Resumo da ópera: preconceito.

Eu poderia dar uma série de exemplos de preconceitos com pessoas que não gostam de rock e nem conhecem seus diversos subgêneros, mas existem preconceitos que atingem ainda mais a nação “roqueira”: um problema latente da popularidade do rock é o preconceito entre os roqueiros. Tenho certeza, inclusive, que tem gente lendo esse texto e pensando/dizendo: “Mas eu não sou roqueiro”, “Mas eu curto heavy metal e não rock”, etc.

 Esse pensamento só fortalece a teoria de que há muito preconceito entre as pessoas que gostam desse estilo. Já vi preconceitos, inclusive, entre fãs da mesma banda. Porque um conhece mais álbuns do que o outro, ou porque um fã novo diz que seu álbum favorito é justamente o pior disco da banda… Mas isso não é normal, Felipe? Não, isso é comum. O normal deveria ser outra coisa: Uma vez que somos “renegados” no meio pop e pela própria indústria que transformou o músico em mercadoria, não deveríamos ter preconceitos entre nós. Claro que podemos ter nossas opiniões e é muito importante que tenhamos, pois “liberdade de expressão” é o tema mestre de qualquer banda que valorize seu trabalho, contudo, se os amantes do rock não se unirem (refiro-me aos brasileiros) ficaremos sempre nesse limbo… Achando que existem muitos fãs por aí, mas sem saber ao certo.

Mas não é comum que haja uma elite musical entre os amantes do estilo? Sim, é claro. Sempre há, em todos os estilos, os que conhecem mais. Afinal, quem nunca teve aquele amigo que conhecia MUITAS bandas e sempre tinha algo novo para sugerir? Mas esses só são importantes quando há vários outros que não conhecem tanto. Ou seja: todos os fãs são importantes sempre. Não adianta querermos formar uma elite musical sem sequer existir uma massa. Pois pouco adianta, ser uma elite musical que fala para quase ninguém ouvir.

Quebrar determinados preconceitos não vai lhe trazer prejuízos, muito pelo contrário, aumentará as possibilidades de conhecer grandes bandas e poder aproveitar, sempre, boa música. Falo por experiência própria. E isso vale, inclusive, para as bandas nacionais que tanto sofrem preconceito. Os fãs de rock que se fecham para a produção musical do estilo no Brasil, acabam, sem querer e muitas vezes sem saber, fechando o mercado para bandas ótimas e impedindo investimentos indiretamente, pois os investidores só apostam dinheiro no que dá retorno.

E sejamos sinceros: Quem investe dinheiro, não quer um retorno de mil ou dois mil gatos pingados, eles querem um retorno BEM GRANDE.

E aí? O que você acha que pode fazer pelo rock?

Felipe Hansell

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