No último final de semana (20 e 21 de Setembro) rolou a terceira edição do Santos Rock Festival no Mendes Convention Center e o Rock de Verdade cobriu o primeiro dia das apresentações que teve CPM22, Jota Quest e Capital Inicial. O evento contou com dois palcos, no Palco Zero13 se apresentavam bandas da região no intervalo das atrações principais, as bandas foram SoldOut, Uelo e Erodelia.
O horário de abertura dos portões era às 20h porém houve um atraso, enquanto isso demos uma olhada nas filas e observamos que faltava alguma coisa: cadê o público do CPM22? Certo que a galera cresceu, mas sentimos falta da molecada do hardcore (acredito que pelo preço do ingresso). Por falar em “molecada”, nas filas ainda, muitos estavam acompanhados dos pais.
A banda caiçara SoldOut abriu o evento e como tem como influência o Charlie Brown Jr., tocou músicas do grupo, caindo no gosto do pequeno público interessado, enquanto isso a casa enchia e o primeiro palco estava quase pronto para receber a primeira banda. SoldOut fez seu discurso agradecendo o público e informou que tocariam a saideira; quando olhamos pra trás, alguém fazia gestos do outro palco informando que não e o show deles foi encerrado para a entrada do CPM22.
O CPM trouxe pela terceira vez (aberto ao público) à Baixada Santista a turnê Suor e Sacrifício, do sétimo álbum de estúdio, mas abriu o show com “O Mundo Dá Voltas” e tocou somente quatro músicas do novo CD, notavelmente poucas vozes cantaram essas e a nostalgia com as músicas antigas vinha à tona. “Essa aqui é de 98. Nada mais, nada menos que Regina Let’s go”, disse Badauí. Pela primeira vez em um show da banda em Santos não vimos uma roda punk. Badauí falou de como era tocar em um outro ambiente do qual eles estavam acostumados, mencionando a casa de shows do lado (Capital Disco) em que a galera bêbada e louca como ele subia e pulava do palco. “Tocando num lugar diferente pra pessoas novas” e agradeceu por essas pessoas novas estarem ali.
Badauí notou a presença dos acompanhados pelos pais e ao tocarem “Honrar Teu Nome“, música que o vocalista escreveu para o pai que morreu em 2016, dedicou a um fã da plateia que pediu para tocá-la: “Aproveite seu pai, sua família, sua mãe”. A surpresa foi “Mentiras Novas”, música do álbum Chegou A Hora De Recomeçar que há tempos não entrava em um set da banda. “Quem acha que o Rock morreu não merece estar aqui. Eu não quero que vocês estejam aqui” – completou Badauí. Ainda comentou de como as pessoas sempre acharam que o CPM22 era uma banda Santista por sempre tocarem na região, principalmente no começo da carreira. Prosseguiram com mais hits e finalizaram com “Irreversível”. Após o show atenderam algumas pessoas no camarim e gentilmente nos receberam e concederam uma entrevista.
O Jota Quest trouxe pra Santos a despedida da turnê de seu acústico lançado em 2017 (Acústico Jota Quest – Músicas Para Cantar Junto). Eles entraram com um atraso de mais de meia hora, mas parece que o público não se importou muito, dançavam e cantavam as músicas animados. Em “De Volta Ao Planeta” tocaram alguns fragmentos de “Sociedade Alternativa”. Rogério Flausino lembrou de quando passavam a virada de ano no Canal 3 e brincou que a diferença daquela época para hoje é que antes eles tinham fígado. Um trecho de “Zóio de Lula” do Charlie Brown Júnior foi tocado pela banda. “Viva o Charlie Brown, Chorão, Champignon!”
Flausino continuou agradecendo a organização do evento, dizendo que são muito amigos das bandas que tocaram e que é muito fã delas também. Além de citar a mudança da mentalidade das gerações, da loucura que é nascer brasileiro e ser jovem no Brasil. Na canção “Dentro De Um Abraço” pediu para todos se abraçarem: “Abraço de brasileiro que não desiste nunca, porra!” e todo o Mendes se abraçou. Em “Hoje” pediu para ligarem as luzes dos celulares pra ficar bonito e ir pro Instagram. O show se encerrou com agradecimento pela participação de todos do começo ao fim.
O show da banda Erodelia seria o que encerraria as apresentações do palco Zero13. Notamos o som baixo e a falta de respeito de um público de costas para uma apresentação que já tocou no Rock in Rio. As bandas que tocavam entre os shows, tocavam em um palco segregado do outro lado da casa de show. O volume aumentou um pouco e então algumas pessoas começaram a se animar frente a banda. Quando, do nada, o som parou. Não havia terminado ainda o tempo de apresentação do grupo, que seria de 25 minutos. Simplesmente desligaram a energia no meio do show da banda para que o Capital Inicial começasse a tocar.
Pelo menos foi o que deu a entender ao público, pois minutos após o palco desligar, o locutor anunciava a entrada do Capital Inicial. Uma parte da equipe do Rock de Verdade que estava no camarote, não entendeu direito o que estava acontecendo. Porém uma das repórteres que estava cobrindo o palco Zero13 disse que o que foi dito pelos organizadores do palco, foi que o gerador havia dado problema. Entretanto, assim que o Capital Inicial entrou no palco, a energia do palco voltou. A organização no momento do show não deu nenhuma explicação ao público do que havia ocorrido. Deixando algumas pessoas que assistiam a apresentação da banda Santista bastante irritados.
Quando o Capital entrou no palco a galera vibrou e vimos o público contido no começo agora transformado, crianças, jovens, adultos, idosos… era uma noite pra família. A banda está encerrando a turnê Sonora e o set list é basicamente formado por canções antigas. Dinho Ouro Preto contou a história da banda com a cidade, lembrando de quando tocavam no Caiçara e parecia que tudo ali cairia e que retribuiriam toda a generosidade naquela noite pelos zilhões de anos que a banda tem de apresentações em Santos.
Lembrou também de quando encontravam e tocavam com o Charlie Brown Jr. Deixa pra chamar ao palco um convidado especial: Thiago Castanho, que tocou duas músicas de sua antiga banda e permaneceu no palco em uma terceira do Capital (“Primeiros Erros“). Dinho pediu mãos pra cima pra todos que colocaram os pés ali dentro naquela noite. “Deixa eu ouvir vocês” – e deixou que a plateia cantasse um longo trecho sozinha.
Chamaram outro convidado especial e segundo Dinho, conhecido como o quinto Capital, Bozzo Barretti. Bozzo tocou “Tempo Perdido” do Legião Urbana com a banda. O show seguiu com “A Sua Maneira”, “Fogo”, “Natasha”. Fê Lemos fez um drum solo relembrando o Aborto Elétrico, tivemos ainda “Que País É Este?” e finalizaram com “Mulher de Fases” do Raimundos.
Muito foda ter todas essas bandas representadas no evento. Agradecemos a oportunidade de prestigiar e poder ter acesso às bandas, até mesmo no hotel às 5 da manhã o Capital Inicial nos tratou super bem. Em questão às bandas independentes, todas as bandas merecem respeito, não importa se for uma banda de 30 anos ou 3 meses, em um evento que carrega o nome de Santos Rock Festival, o mínimo que se espera é respeito perante às bandas do cenário Santista. Enquanto houver alguém com uma guitarra na mão vai haver Rock e hoje mais do nunca, com tanta poluição sonora, precisamos falar sobre isso.
Viva o Rock Nacional!