Domingão, dia de preguiça e depressão pré segunda feira com faustão e sua turma… mas não para os afortunados que compareceram ao tão aguardado show da banda nova yorkina de hardcore, Madball. Tendo cancelado ao data original por problemas familiares do vocalista Freddy, o novo show além de ter sido realocado, foi reformulado para garantir um espetáculo a altura.
Além do grupo norte americano, mais três bandas nacionais foram convocadas para animar os fãs e esquentar o palco para os headliners. O grupo paulista Oponente, que desde 94 vem fazendo história com sua agressividade única. Diretamente da baixada santista, os revolucionários do Bayside Kings e a joia do hardcore nacional, Paura.
Subindo ao palco com os fãs ainda sendo revistados na entrada, o Oponente fazia uma recepção de gala para os que chegaram cedo. De forma devastadora, os músicos aumentaram seus amplificadores sem medo e agitaram até os que ainda estavam na fila do lado de fora.
Tocando músicas desde os primeiros anos da carreira em meados dos anos 90 até de seu último álbum, Enfrente, de 2015, a banda fez derramar as primeiras gotas de suor do público, que aos poucos foi se soltando.
Na sequência, diretamente de Santos, o Bayside Kings, uma das bandas com o maior número de seguidores fieis e mais ativas da cena hardcore da atualidade, tomou o palco sem pedir licença, não demorando mais que duas músicas para que o vocalista Milton, se jogasse para os braços dos fãs, que dançaram e pularam como se não houvesse amanhã.
O quarteto santista é famoso por suas letras politizadas e seus discursos que buscam lembrar os fãs o real espírito do hardcore, pregando contra o ódio, o racismo, a xenofobia e o sexismo. Uma vez na pista, o vocalista da banda não poupou burocracias e puxava os fãs para cantarem junto com ele e dividir o microfone, lembrando que sem o público, o show não é nada.
Seguindo o trem, o Paura explodiu os tímpanos de todos de forma avassaladora, mostrando o porque de sua fama e seu título de produto exportação, sendo um dos maiores representantes nacionais no exterior, participando ativamente de festivais europeus e longas turnês pelo resto as América.
Com um instrumental poderoso e um vocal mais ainda, a trupe leva o termo extreme hardcore ao pé da letra, não dando descanso para os fãs mandando pauleira atrás de pauleira. Roubando a cena, o Paura arrancou coros, moshs e litros de suor, fechando a apresentação com chave de ouro convidando toda a galera para cima do palco!
Vale lembrar que a Honorsounds, assim como em todos os seus eventos, mais uma vez convocou o público para a luta contra a fome, em sua campanha de arrecadação de alimentos e leite, a promoção também valeu para essa edição, onde aqueles que trouxessem a maior quantidade de alimentos ou litros de leite, ganharia a oportunidade de conhecer os membros do Madball pessoalmente! Mostrando mais uma vez a importância da conscientização para um problema que infelizmente ainda atinge comunidades próximas da gente.
Quando o relógio já passava das 21:30, as luzes do palco baixaram e o silêncio tomou conta do palco, era anunciada a hora do início da destruição. Só uma palavra pode definir o espetáculo do grupo norte americano: insano!
Inspirados pela presença massiva dos fãs, mesmo com a nova data, os músicos pareciam motivados para dar o sangue no palco. Lembrando que o set list foi todo escolhido pelos fãs em uma votação on-line, sendo assim não havia nenhuma desculpa para alguém ficar parado, se bem que nem precisava… moshs, circle pits e invasões de palco, mostravam a banda que a noite chata e depressiva de domingo, não tinha espaço ali.
O palco exalava fúria e empolgação, com as nervosas palhetadas do guitarrista Brian “Mitt” Daniels durante os riffs lendários de músicas como “Down By Law” e “Mi Palabra” e a cozinha perfeita praticada pelas baquetas de Mike Justian e pelo lendário baixista Hoya Roc, que teve seu nome aclamado pelo público.
O vocalista Freddy Cricien deu um show a parte, com seu vocal rasgado e poderoso, o cantor manteve um forte contato com o público mesclando espanhol e inglês, chamando os fãs para subir no palco e entregando o microfone para que os sortudos que se amontoavam nas primeiras fileiras cantassem os clássicos.
Tocando músicas de praticamente toda sua carreira, desde o famigerado Demonstrating My Style de 1994, executando as músicas “Nuestra Familia” e “Pride”, passando pelo lendário Hold It Down com ”Can’t Stop, Won’t Stop”, “Hold It Down” e “Thinking To Myself” até o recente Hardcore Lives com “Mi Palabra” e “Set me Free” do renomado Infiltrate The System.
O show fluiu de forma tão natural, que quando o horário apontava as 23:00, ainda haviam resquícios da banda sobre o palco, já finalizando o espetáculo e arrancando lágrimas de euforia dos que puderam estar presentes nessa noite que com certeza ficará na história e não será esquecida tão cedo.
Showzão insano!