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Satyricon: a obscuridade arrebatadora de volta a São Paulo

A noite de sábado (11/11/2017) foi certamente inesquecível para os que compareceram ao Fabrique Club. Inicialmente com o local previsto para o Clash Club, precisou ser remanejado devido à manutenção da casa. Após seis anos da primeira (e até então única) apresentação no Brasil, os noruegueses do Satyricon compensaram a “falta” que fizeram desde então, com músicas minuciosamente escolhidas de toda a carreira e principalmente para a divulgação do recém lançado “Deep Calleth Upon Deep”.

O espaço da casa comportou o evento, ainda que a maior parte do público começasse a chegar por volta das 19h. Havia a presença de merchans oficiais do Patria e do Satyricon.

 

A abertura ficou por conta do Patria, black metal do Rio Grande do Sul, que começou a apresentação pontualmente às 18h50. A banda – Triumphsword (vocal), Mantus (guitarra), Ristow (guitarra), WS Vulkan (baixo) e Abyssius (bateria) – apresentava visual bem composto (tanto no outfit como no corpse paint) e muita presença de palco, abrindo com “Now I Bleed”, executada de uma maneira intensa e visceral. “Outrage” foi marcada por riffs potentes, com um vocal excelente e com uma boa recepção do público.  Triumphsword anunciou a volta do Patria e que a próxima faixa – “Heartless” – era do novo álbum, e pode-se ver muito headbanging sincronizado por parte do público, e riffs bem trabalhados.

Nyctophilia” foi uma faixa bem explosiva com vocais profundos e com referências medievais. “Axis”, também do novo álbum, com uma intro de presença, tons intensos e a melodia típica do black metal, assim como um “coro” vindo do público. “Death’s Empire Conqueror”, mais ritmada sem perder o caos essencial – e neste momento a casa começava a encher. Fechando a apresentação com “Culto das Sombras”, heavy as hell e igualmente intensa, como toda a apresentação da banda, faixa que mereceu foco para a bateria.

A banda pareceu empenhada durante toda a apresentação, com alta qualidade, técnica e energia. Um show bruto e com as raízes do black metal, muito bem recepcionado pelo público.

Enquanto o pequeno palco era montado, mais e mais fãs chegavam, em sua maioria com o peito estampado pela banda. A ansiedade da plateia foi a níveis mais altos quando o icônico pedestal do microfone foi posicionado.

Às 20h, pontualmente, a banda sobe ao palco – Anders Hunstad (teclado), Steinar “Azarak” Gundersen (guitarra), Attila Voros (guitarra), Anders “Neddo” Odden (baixo), Kjetil-Vidar “Frost” Haraldstad (bateria) e Sigurd “Satyr” Wongraven (vocal) – e inicia a apresentação. O outfit da banda era praticamente o mesmo – calças e camisas pretas -, exceto por Satyr, que usava seu icônico colar de cruz invertida e jaqueta, e Frost, que abdicou da camisa. “Midnight Serpent”, assim como o primeiro play do álbum, foi executada de maneira intensa e com a mesma atmosfera, com Satyr proferindo palavra por palavra e uma presença de palco incrível, enquanto rolava muito headbanging – tanto por parte da banda, como do público. Seguida por “Our World, It Rumbles Tonight” chegando aos níveis mais baixos da escuridão com a estrondosa bateria do Frost. O hit “Black Crow On a Tombstone” foi explosivo, o primeiro ponto alto que, apesar de falha técnica do microfone, os fãs continuaram cantando sem deixar aquela energia morrer – e mais headbanging. Satyr diz que é bom estar de volta a São Paulo e anuncia a faixa que intitula o álbum, tocada de maneira sutilmente mais pesada que na versão do álbum e com um coro fantástico, mostrando assim a clara aprovação do novo trabalho da banda por parte do público.

Os integrantes brevemente deixam o palco e voltam para “Walker Upon The Wind” profunda e cheia de blast beats “frostianos”. “Repined Bastard Nation” foi bem pesada e intensa, e a casa novamente explodiu com “Commando”, com a bateria ecoando até o inferno, muitas cabeças acompanhando o ritmo e muita interação da banda com o público. A plateia clama pela banda, que inicialmente pareceu bem surpresa com a aceitação. Em “Burial Rite”, as guitarras têm momentos duplicados e Neddo é quem mais se aproxima da plateia, bem perto do fim do palco, e “Now, Diabolical” tem cada acorde aproveitado, pela banda e pelos fãs, ensandecidos. O frontman diz que é fantástico e agradece, enquanto a banda realiza outros ajustes.

 

Mais uma faixa do novo álbum, “To Your Brethren In The Dark”, é apresentada com seriedade e muito magnetismo, com tons obscuros e agradáveis – como a essência deste álbum em questão. Outro ponto alto da noite: quando Satyr comanda sua guitarra e anuncia duas faixas de “Nemesis Divina“: “Transcendental Requiem of Slaves” e o hino “Mother North”, executadas de maneira fascinante, etérea, com riffs e viradas arrebatadoras, com cada um dando o melhor de si naquele momento quase mágico.

Um encore composto por “The Pentagram Burns”, ainda com Satyr  nas guitarras, que realmente incendiou o Fabrique, seguido por “Fuel for Hatred” – era difícil ver alguém parado. E fechando com a melhor escolha possível, “K.I.N.G.”, já clamada pelos fãs, que a cantavam em uma só voz.

Uma apresentação memorável, intensa e com os fãs demonstrando o tempo inteiro o apreço pela banda – de uma maneira recíproca, a banda também curtiu cada momento e cada interação com o público. Um álbum muito bem feito e com faixas muito bem executadas.

 

Setlist Patria

Now I Bleed

Outrage

Heartless

Nyctophilia

Axis

Death’s Empire Conqueror

Culto das Sombras

 

Setlist Satyricon

Midnight Serpent

Our World, It Rumbles Tonight

Black Crow On a Tombstone

Deep Calleth Upon Deep

Walker Upon the Wind

Repined Bastard Nation

Commando

Burial Rite

Now, Diabolical

To Your Brethren in the Dark

Transcendental Requiem of Slaves

Mother North

The Pentagram Burns

Fuel for Hatred

K.I.N.G.

 

Agradecemos à MS BHz pelo credenciamento.

Fotos: Punany Fotografia

 

 

Barbara Lopes

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