Poderíamos dizer que a The Leprechaun é a nova encarnação da banda de punk rock de mesmo nome formada em 2009. Só que não. A atual The Leprechaun é muito mais.
Reformulada em 2012, da antiga fase permaneceram os integrantes Eric Fontes (baixo),Fernando Zornoff (bateria) e Rafael Schardosim, que trocou a guitarra por banjo! Sim! Isso mesmo! Eles também passaram a ouvir Bob Dylan e Johnny Cash e mudaram radicalmente seu som. Chamaram uma menina para cantar – Fabiana Santos -, incluíram dois violonistas, Bruno Stankevicius e Paulo Sampaio, além de um violinista, Andrew Nathanael. O resultado disso tudo? Um folk acústico com energia punk como você nunca ouviu!
Chamaram a atenção do público e mídia logo com seu debute, “The Years Are Just Packed“. Como um grupo poderia reunir num mesmo pacote a beleza e sutileza do folk tocados com a energia e urgência do punk? Sem esquecer os maravilhosos arranjos repletos de referências no bluegrass, country e música celta!
A banda tem cativado milhares de fãs desde então. Dentro e fora do Brasil. Sua sonoridade abrangente ainda os permite participar de diferentes festivais. De intimistas eventos de música folk à grandes festivais em celebração ao poder de Mjöldir, o martelo de Thor!
“Long Road” é o título do segundo e novo álbum da banda, lançado pela gravadora Hearts Bleed Blue (mesmo selo de Blind Pigs, Dance Of Days e Zumbis do Espaço).
“Começamos a compor as novas músicas em meados de 2013”, conta o violonista Bruno Stankevicius. “Todas foram escritas depois do lançamento do The Years are Just Packed e procuramos manter o disco novo com a cara da banda. Em ‘Long Road’ continuamos usando estilos de música folk tradicional como referência, mas mantendo a energia e a simplicidade das melodias que são tão valorizadas no punk rock”.
“Long Road” reúne 12 faixas e foi gravado numa fazenda no interior de São Paulo, o que, de acordo com Bruno, foi essencial para que a banda chegasse nesse resultado final.
“A maior parte do processo de gravação do primeiro disco foi feito num apartamento, ou seja, tínhamos horários limitados num ambiente claustrofóbico. Isso fez com que acabássemos desistindo de muitas ideias por causa de tempo e cansaço. A ideia de ir para uma chácara foi, sobretudo, pra lidar com tais questões. Lá a gente teve chance de se isolar de todos os problemas e se concentrar na gravação por alguns dias. Dessa vez o processo só foi finalizado quando a gente realmente estava satisfeito com o que tínhamos em mãos”.
A tranqüilidade do campo faz mesmo a diferença quando o objetivo é gravar um álbum essencialmente acústico. A dificuldade é bem maior se comparada aos processos convencionais de gravações elétricas.
“Ao gravar um disco acústico queremos que as coisas soem de forma natural“, explica Bruno. “Os cabos e microfones só atrapalham, porque a melhor sonoridade que a gente consegue extrair dos nossos instrumentos é a crua, das cordas, madeira e nada mais. Na hora de gravar o desafio é justamente conseguir reproduzir esse som da melhor forma possível. Ironicamente, isso envolve muita técnica de gravação, então é um trabalho bem mais difícil“.
Em “Long Road” o The Leprechaun detêm todos os créditos: compuseram todas as músicas,tocaram todos os instrumentos e foram os próprios produtores do álbum – mesmo considerando as complexidades de uma produção acústica – e o banjista Rafael Schardosim assina a mixagem. Apenas a masterização ficou a cargo de alguém de fora da banda.
“Decidimos masterizar o disco com o John Golden na Califórnia pelo fato de ele já ter trabalhado com bandas que nós curtimos como Green Day, Pearl Jam e Flogging Molly, que tem uma sonoridade relativamente semelhante à nossa. A contribuição dele foi importante para que as músicas soassem como parte de um todo“, contou o baixista Eric Fontes.
Já em relação ao título “Long Road”, Eric diz que há uma interessante história por trás dele.
“Enviamos nosso primeiro disco para o editor de uma grande revista de música. Nós ligamos pra saber o que ele tinha achado, e o sujeito disse que nem havia escutado, mas que nós tínhamos uma ‘longa estrada’ pela frente se quiséssemos uma nota escrita por ele. Acho que foi uma forma de dizer pra nós mesmos que não tem importância, vamos continuar seguindo nossa ‘longa estrada’, afinal, gostamos dela“.
O primeiro videoclipe do álbum foi para a música “Hold The World“, cuja letra fala sobre ganância e ambição, um tema bem contemporâneo, assim como as demais letras do álbum.
“A ideia da maioria das letras que escrevo parte de experiências extremamente pessoais e particulares“, explica Eric. “Mas eu não quero falar sobre essas coisas como alguém que tem necessidade de expressar seus sentimentos, como se fosse uma terapia. Eu estou mais interessado em transmitir para as pessoas as conclusões que eu tirei dessas experiências, colocar isso de uma forma que fomente um processo de reflexão semelhante nelas”.
Punk ou Folk. Country ou Celta. Não importa, na verdade. A música em si deve ser maior que qualquer rótulo. E o The Leprechaun segue essa filosofia, sem desmerecer suas raízes.
“Nossa história se desenvolveu naturalmente. Hoje não sentimos falta de guitarras para dar mais energia ao som, e o fato de fazermos um som com mais pegada não impede que criemos um som mais calmo. Eu diria que a simplicidade é a característica do punk que mais se evidencia no nosso som hoje, pois podemos rebuscar uma música com dezenas de linhas de arranjos, mas no fundo a música perfeita precisa ter uma base simples e uma melodia eficiente. E não existe uma escola melhor que o punk rock pra te ensinar isso”, conclui Eric.
Como dizia o poeta: Folk is not dead!
FORMAÇÃO:
Fabiana Santos (Vocal)
Bruno Stankevicius (Violão)
Paulo Sampaio (Violão)
Rafael Schardosim (Banjo)
Andrew Nathanael (Violino)
Fernando Zornoff (Bateria)
DISCOGRAFIA:
The Years Are Just Packed (2012)
Long Road (2014)
www.leprechaun.com.br
www.facebook.com/lpnpage
www.youtube.com/lpnpage
www.reverbnation.com/lpnpage
www.myspace.com/lpnpage
