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The Mönic lança primeiro álbum intitulado Deus Picio

A banda The Mönic de São Paulo, lançou seu primeiro álbum de estúdio “Deus Picio” ontem (28/06). Os primeiros segundos de “Mexico” já indicam que inicia-se um álbum com bastante influência do garage rock: guitarras distorcidas, bateria marcante e baixo que dá ainda mais peso ao som. Quando a vocalista e guitarrista Alê Labelle entoa os primeiros versos, a presença feminina logo aparece, remetendo a outras bandas do gênero que possuem suas frontwomen.

Analisando a formação da The Mönic, porém, percebe-se que no grupo o papel das mulheres é total e muito além de posições pré-definidas — um exemplo de que não há limitações para o protagonismo feminino na cena. Assim, a banda formada por Labelle, Daniely Simões (bateria), Joan Bedin (baixo) e Dani Buarque (guitarra e vocal) lança seu álbum, “Deus Picio”, pela gravadora Deck. O registro foi gravado ao longo de 2019 no Estúdio Aurora, com produção e mixagem da banda, de Carlos Eduardo Freitas e Aécio Oliveira.

Esse é o primeiro álbum do grupo que já havia lançado em 2018 as faixas “Buda” e “High”, também pela Deck. A faixa de abertura — que possui clipe com participação da banda e amigos — aborda o relacionamento entre pessoas que se gostam mas têm medo de criar maiores laços afetivos ou externalizar seus sentimentos. O videoclipe, dirigido por Mateus Brandão, brinca com seu título, e simula uma novela mexicana em tom de sátira e bom humor.

Vindo em sequência, “Just Mad” também possui seu vídeo, no qual a The Mönic – que produziu, editou e dirigiu a obra – intercala imagens de suas integrantes em trajes de misses (uma crítica à competição feminina comumente estimulada no dia a dia), poses de protesto e tocando seus instrumentos. Em seus versos, a trilha retrata a agonia de uma mulher vivendo em meio às pressões sociais e possui refrão explosivo, no que Dani Buarque definiu como um “desabafo geral“.

Primeira faixa em português de Deus Picio, “Maldizer” aborda temas densos, como crises de pânico e “a narrativa sobre uma vida inteira levada com um incômodo existencial e a urgência de uma metamorfose interna para lidar com a não tão simples questão de existir”. De modo que não surpreende, a poderosa linha do refrão, “se logo penso, para quê existo?“, guiou a música à sua forma final.

A influência de bandas como o Silverchair pode ser notada em canções como “Andy & I”, que, sem tirar o peso do instrumental e vocal, consegue trazer um andamento mais leve. Com letra positiva, que trata sobre amizades e a importância de apoiar as pessoas amadas, a canção surgiu de maneira despretensiosa, a partir de uma ideia de Daniely Simões no violão. Buarque, que ouvia tudo e gravava discretamente, logo pensou uma melodia vocal que ajudaria a compor a faixa.

Assim como a maioria do disco, “Refém”, antepenúltima faixa, também foi composta no período eleitoral. Inspirada pelo espírito crítico da época de eleição, a música percorre todo o espectro de coisas que as integrantes julgam condenáveis nos tempos atuais; dos charlatões ao falso moralismo. “Não me castigue só por eu pensar além. Lastimo, mas não respondo ao seu rei”, canta Dani, mostrando que não há amarras em seu discurso.

Em sequência ainda há “Scars and Cigarrettes”, uma das primeiras músicas da banda e cuja estrutura surgiu quando a vocalista e guitarrista viu e se inspirou fortemente em “Cobain: Montage Of Heck”, premiado documentário que aborda a vida de Kurt Cobain. Fechando o álbum, “Permission” traz uma mensagem de liberdade, afirmando que “ninguém está pedindo permissão para amar”. Com essa canção a The Mönic reforça sua posição de apoio à causa LGBTQI+, afirmando que o amor não deve esperar aprovações legais para ser exercido e vivenciado.

Somando coragem no posicionamento sociopolítico e uma espécie de PMA que remete à resistência de grandes artistas do punk e hardcore, a faixa encerra o disco com um resumo do que se pode esperar das quatro musicistas: rock pesado, atitude autêntica e coragem, gerando arte sem ceder às pressões

A BANDA THE MÖNIC

Peso, bpm’s acelerados, vocais rasgados e melódicos são as marcas registradas da banda que te faz viajar diretamente para o grunge dos anos 90. Formada no final de 2017, The Mönic é uma banda formada por 4 mulheres sendo 3 ex-integrantes da banda BBGG, após a saída de um integrante da banda anterior Dani Buarque, Ale Labelle e Joan Bedin encontraram Daniely Simões e a conexão foi instantânea, em menos de 3 meses a banda já tinha mais de 10 músicas gravadas em uma demo.

Com a novidade de ter a formação 100% feminina acabaram sentindo a necessidade de iniciar um novo ciclo com novas idéias e caminhos. Assim surgiu a The Mönic. A demo foi parar nas mãos do produtor Rafael Ramos que lançou a banda pela Deckdisc com os singles “High” e “Buda”. Mesmo com pouco tempo de estrada, a banda já tocou em eventos de peso, como a Virada Cultural de São Paulo, no Festival Big Dia Da Música e em várias cidades do Brasil.

Em março, seu primeiro singleMexico” foi lançado, com essa música e com sua segunda música de trabalho “Just Mad”, a banda foi capa de playlist editorial do Spotify integrando mais de uma playlist oficial ao mesmo tempo. “Maldizer” foi a mais recente a ser lançada e é o primeiro single em português do álbum.

A banda fará uma apresentação de lançamento do disco no Centro Cultural de São Paulo juntamente com a banda Violet Soda no dia 13 de Julho, você pode ter mais informações sobre o show aqui.

Acesse também o Facebook e Instagram da banda para acompanhar o trabalho delas mais de perto.

Nina Grave

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