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Veja a entrevista feita com Johnny Ramone em 2001

 

The Ramones, uma das bandas mais influentes na cena Punk Americana, participaram em 1979 do filme de Allan Arkush, Rock and Roll High School – que também conta com Mary Woronov, uma das estrelas do Andy Warhol que participou da Exploding Plastic Inevitable, uma série de eventos organizados pelo Warhol com a apresentação dos Velvet Underground. Embora fruto de um orçamento baixíssimo, o filme é divertidíssimo e conta com os Ramones em sua melhor fase, na minha opinião.

 

Para um dos lançamentos em DVD nos Estados Unidos, a New Concorde preparou uma “revista” com entrevistas e um pequeno tributo ao Joey, que faleceu em 2001. Confira uma parte adaptada para o Rock de Verdade da conversa com o Johnny Ramone (falecido em 2004)falando um pouco do filme, da banda e dos jovens daquela época:

 

Johnny, você poderia explicar como você e o resto dos Ramones se envolveram com Rock and Roll High School?

 

“Sim. Allan Arkush (diretor) queria fazer um filme sobre Rock’n’Roll e precisava de uma banda, acho que ele nos tinha em mente. Então quando a Warner ouviu falar do projeto, nos sugeriram. Nosso empresário foi contactado e perguntou-nos se estávamos interessados. Quando soubemos que era um filme do Corman, dissemos que sim porque sabíamos que ele tinha uma reputação e que fazia ótimos filmes. E a ideia de Rock and Roll High School era boa, poderíamos ser nós mesmos. Aí Allan veio até Nova York, nos entrevistou e disse que éramos perfeitos para o papel.”

 

Como você descreve vocês e sua marca no Rock’n’Roll?

 

“Somos apenas garotos de classe média do subúrbio. Sempre gostamos de Rock’n’Roll, sempre ouvíamos música. Sempre gostei de early rock, caras como Little Richard, Elvis, Bill Haley, Buddy Holly, early Beatles. Os early Beatles eram ótimos, sabe? Com as jaquetas de couro tocando Roll Over Beethoven. E queríamos ser uma banda de rock como os Beatles porque Rock’n’Roll sempre foi ‘a coisa’ pra gente. As pessoas sempre dizem que somos punk, mas não somos. Não somos mais punks que Presley ou Beatles. Eles talvez tenham sido rebeldes, mas eram realmente centrados em suas músicas. Mas o termo punk me faz pensar em algum cara que vaga por aí e nunca faz nada… Ou que sempre traz problemas para as pessoas. Mas realmente nos importamos com nossa música e não somos adeptos de violência ou nenhuma dessas coisas.”

 

Como vocês entraram no mundo da música?

 

“Todos nós compramos guitarras quando os Beatles estouraram, porque gostávamos muito do som. Começamos a tocar no porão do Joey, e desistimos porque o som não parecia certo. Nenhum de nós tinha um background na música, apenas a ouvíamos o tempo inteiro.”

 

Quem escreve a maioria das músicas?

 

“Nós todos escrevemos músicas. As vezes juntos, as vezes separados. A coisa importante é saber o que é bom ou ruim. Muitas vezes escrevemos trechos que são bons mas não vão a lugar algum. Aí colocamos de lado e talvez depois vemos algo que vai bem com ele.”

 

O que sucesso significa pra você?

 

“Por um lado, apenas o fato de que conquistamos algo. Fizemos 4 álbuns que foram aclamados criticamente,  mas acho que o que realmente queremos é sermos aceitos por todos – não apenas a crítica, mas a massa também. Sempre tivemos liberdade de fazer nossa própria música… De escrever nossas letras sem mudar nada porque alguém disse que ofenderíamos pessoas. Eu não sei – você muda todo dia. As vezes você fica pra baixo porque tivemos 4 consistentemente bons álbuns  mas ainda há uma oposição enorme à gente. Algumas pessoas dizem que nossas músicas são muito violentas e é por isso que tocamos tão pouco nas rádios. Por outro lado, talvez quando você alcança aceitação da massa, você perde o controle da sua música. Você tem que se comprometer. Mas as vendas também são importantes se você quiser continuar gravando músicas. Outra coisa frustrante nesse negócio são grupos medíocres que alcançam o topo depois do primeiro álbum  e eles continuam com a mediocridade porque é seguro, vende e porque talvez seja a única coisa que eles consigam fazer. Amamos tocar, mas você não pode fazer isso pra sempre. As vezes, você tem que se perguntar ‘O que você vai fazer quando sair desse negócio?’. Isso foi o que sempre fizemos e fizemos bem, acho. Mas você não pode se aposentar.”

 

E as críticas ruins, Johnny?

 

“Queremos que todo mundo goste da gente. Críticas ruins machucam e é difícil de esquecê-las. O que é realmente uma merda, é quando uma crítica não apenas destrói seu trabalho como usa insultos pessoais. A Inglaterra é terrível. Tivemos críticos lá que disseram ‘esses caras são horríveis – assim como todos os Americanos.’ E isso é uma coisa muito buceta de se fazer, sabe? Eles não tem que gostar da gente, mas isso não significa que eles tem o direito de rebaixar um país inteiro. Esse tipo de crítica realmente me tira do sério.”

 

O que você acha dos adolescentes de hoje em dia?

 

“Acho que eles são boas pessoas. Acho que os jovens são basicamente os mesmos jovens de 20 anos atrás.”

 

Como foi fazer seu primeiro filme?

 

“Foi divertido. As pessoas eram bastante amigáveis. Mas foi estranho pra nós porque mesmo que você trabalhe durante horas, tem várias vezes que você não faz nada. Estávamos acostumados a trabalhar na pressa o tempo todo, mas na verdade o tempo que você passa trabalhando no filme é pequeno comparado ao tempo que você passa sentado. Não acho que as pessoas ficarão desapontadas (com o filme). De qualquer forma, queríamos fazer um bom trabalho para o Sr. Corman, e espero termos conseguido!”

 

 

 

Ainda não viu o filme?

 

 

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