Assim como em outras áreas, demorou muito para a mulher ser aceita na música. Mesmo na época de grupos como Matha e as Vandellas, mulheres não podiam ter papeis mais importantes como compositoras (veja Corina, Uma Babá Perfeita para saber mais), por exemplo. Bandas como The Runaways e The Go-Go’s, em suas apresentações iniciais, eram vaiadas e a audiência comumente jogava lixo na cara delas – assim como nas Stains do filme Ladies & Gentlemen, The Fabulous Stains, que já recomendei por aqui.
Como estamos em época do Dia Internacional da Mulher, resolvi listar seis mulheres que marcaram a história do Rock. Não é um dia de dar “Parabéns”, mas de lembrarmos que tem muito chão pra andar no quesito “igualdade de gêneros” e “celebrarmos” as contribuições de pessoas como as que separei aqui. Vamos lá:
Janis Joplin
Numa época em que as estrelas do Rock eram todas homens – que, na maioria de suas composições falavam da mulher como objeto sexual –, Janis Joplin era uma ovelha negra. Era praticamente a única reconhecida na área por seu trabalho artístico e fez seu papel trazendo nas letras de músicas como “Women is Losers” questões feministas que inquietavam a mente das jovens da época.
Patti Smith
“Grande parte dos meus poemas são feitos para mulheres por que mulheres inspiram. Quem são a maioria dos artistas? Homens. Por quem eles mais se inspiram? Mulheres. A masculinidade em mim se inspira pela fêmea. Eu me apaixono por homens e eles tomam conta de mim. Eu não sou uma garota liberal. Então não posso escrever sobre um homem por estar sob seu comando, mas sobre uma mulher com quem posso ser homem. Posso usá-la como minha musa. Eu uso mulheres (ênfase: minhas).” Apesar de não se identificar como feminista, Patti Smith foi muito importante por mostrar que elas poderiam ser tão “do Rock” quanto homens.
Rita Lee
Aqui no Brasil Rita Lee teve uma repercussão similar à de Janis Joplin nos Estados Unidos: Numa época de repressão, ela era a mulher que levantava a bandeira dos problemas sociais e dava um “chega pra lá” no conservadorismo daquele tempo. Com sua irreverência, acabou sendo um marco não só da história da mulher no Rock Nacional, mas também na música popular do Brasil.
Debbie Harry
Debbie foi de extrema importância para a segunda fase do movimento feminista. Nos anos 70, ela era uma das poucas mulheres a frequentar e se apresentar num ambiente onde os homens eram maioria esmagadora, e sempre com roupas de um grande sex appeal. Ela era uma loira que não aceitava se encaixar no estereótipo de “burra” e tinha (ainda tem) bastante controle de si, dentro e fora do palco. “Eu estava morta de tão enjoada e cansada de todas aquelas músicas das garotas do R&B, os trios e essas coisas. Elas eram todas vitimizadas pelo amor. Eu tava enjoada disso. Eu não queria retratar a mim mesma e às mulheres como vítimas”, disse em entrevista.
Joan Jett
Ex-integrante da The Runaways, uma das primeiras bandas de rock onde todas as integrantes eram mulheres, Joan Jett não se importava mesmo com sua “má reputação”. Foi a primeira mulher a ter e controlar uma gravadora independente, a Blackheart Records, além de ser a maior inspiração para a terceira fase do movimento feminista, que aconteceu nos anos 90.
Cyndi Lauper
Assim como Madonna e Pat Benatar, Cyndi Lauper foi muito importante para a liberação feminina dos anos 80. Sua música, “Girls Just Want to Have Fun”, é considerada uma das primeiras da história a passar a ideia da “garota que trabalha”, colocando as mulheres no mesmo patamar que os homens, e serve de inspiração para elas até hoje. “‘Feminismo’ não é uma palavra suja. Apenas acho que as mulheres tem lugar na população humana com os mesmos direitos que os demais,” disse em entrevista.
E aí, gostaram da lista? Espero que sim. Não deu pra encaixar todas as mulheres que eu queria (haha) e foi mega difícil sentar e escolher apenas seis, mas se for pra sentar e falar de todas as mulheres importantes na música, eu não paro de escrever hoje (risos). Fiquem ligados no Rock de Verdade e até a próxima!